Brasil e Índia iniciaram nesta quarta-feira (16), em Nova Délhi, as negociações para ampliar o Acordo de Preferências Tarifárias do Mercosul, em vigor desde 2009. O anúncio foi feito pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, que destacou os avanços recentes na relação econômica entre os dois países e o interesse mútuo em fortalecer a cooperação comercial.
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O entendimento foi formalizado em um comunicado conjunto com o ministro indiano do Comércio e Indústria, Piyush Goyal, após uma reunião bilateral realizada na capital indiana. O encontro marcou o início de um processo que deverá ser concluído em até um ano, com o objetivo de aumentar o número de produtos com tarifas reduzidas entre os dois blocos econômicos.
Ampliação do comércio entre Brasil e Índia
Em declaração conjunta, as autoridades concordaram que a ampliação do acordo deverá ser substancial, contemplando uma parcela significativa do comércio bilateral e incluindo questões tarifárias e não tarifárias. O processo contará com a participação do setor privado e de outras partes interessadas, o que reforça o compromisso dos países com uma integração comercial mais ampla.
O próximo passo será a realização de uma reunião do Comitê de Administração Conjunta, que irá definir o escopo da ampliação. Segundo Alckmin, a expectativa é que o processo seja ágil, beneficiando tanto o Mercosul quanto a Índia.
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“O Brasil vai atuar de forma coordenada com os demais países do Mercosul para garantir que o aprofundamento do acordo seja mutuamente benéfico”, afirmou o vice-presidente.
Relações bilaterais e novos caminhos diplomáticos
Durante o encontro, Alckmin ressaltou que o diálogo com a Índia representa “um princípio auspicioso de um processo negociador”, e destacou a disposição brasileira em abrir novos caminhos nas relações bilaterais.
O atual acordo entre o Mercosul e a Índia abrange cerca de 450 linhas tarifárias, mas o objetivo é ampliar significativamente o escopo e incluir novas áreas de cooperação comercial, especialmente nos setores de energia, tecnologia, saúde e agronegócio.
“Hoje temos um acordo de preferência tarifária que cobre um número pequeno de linhas. Podemos aprofundar e ampliar para aumentar nossa competitividade nas vendas”, disse Alckmin.
Atualmente, o comércio entre Brasil e Índia está em expansão. Em 2023, o volume bilateral atingiu US$12 bilhões, e a previsão para este ano é chegar a US$15 bilhões. Segundo o vice-presidente, “a exportação da Índia para o Brasil cresce mais de 30%, e poderemos rapidamente alcançar US$20 bilhões”.
Três anúncios principais da missão oficial
Durante a missão, Geraldo Alckmin destacou três resultados centrais da visita à Índia:
- Lançamento das negociações para ampliação do Acordo de Preferências Tarifárias;
- Implementação do visto eletrônico de negócios para cidadãos indianos;
- Novos contratos da Petrobras para o fornecimento de petróleo ao mercado indiano.
Sobre o visto, o vice-presidente anunciou:
“Quero trazer uma boa notícia: o visto eletrônico. Toda a área de negócios e consultoria terá acesso ao sistema eletrônico de vistos na Embaixada do Brasil em Nova Délhi e no Consulado em Mumbai.”
No campo energético, Alckmin informou que a Petrobras assinou contrato para fornecer mais 6 milhões de barris de petróleo à Índia, além de 18 novos blocos offshore para exploração nas bacias de Santos e Campos, com previsão de operação a partir de 2026.
Parceria estratégica na área da saúde
Outro ponto enfatizado por Alckmin foi o potencial de cooperação no setor de saúde.
“Queremos ampliar nossa parceria na indústria farmacêutica e de vacinas. O ministro Alexandre Padilha chega nesta sexta-feira, e devemos anunciar um novo acordo de cooperação nessa área”, declarou.
A cooperação em saúde e biotecnologia é vista como estratégica pelos dois países, especialmente após a pandemia, reforçando o papel do Brasil como fornecedor de insumos e medicamentos.
Expansão comercial e diversificação de parcerias
De acordo com o MDIC, a corrente de comércio entre Brasil e Índia atingiu US$ 12,1 bilhões em 2024, com destaque para exportações brasileiras de açúcares, óleos vegetais, algodão, produtos minerais e hortícolas.
A ampliação do acordo é considerada parte essencial da estratégia brasileira de diversificação de parceiros comerciais e de fortalecimento da inserção internacional da economia.
Com o avanço das negociações, Brasil e Índia reforçam seu compromisso em estimular o crescimento econômico sustentável, promovendo uma integração mais profunda entre o Mercosul e o mercado asiático.









