O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou seus apoiadores para uma nova manifestação em São Paulo, marcada para o dia 29 de junho, às 14h, na Avenida Paulista. O anúncio foi feito por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais do pastor Silas Malafaia, aliado próximo do ex-presidente.
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Com cerca de 11 segundos, o vídeo mostra Bolsonaro conclamando os seguidores a comparecerem ao ato: “A luta continua por democracia, por liberdade, por justiça. Compareça.” A gravação termina com imagens do ex-presidente e a frase: “Tô chegando”.
A mobilização é liderada por Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, um dos principais nomes ligados à base religiosa bolsonarista. O pastor tem promovido uma intensa campanha digital denunciando o que chama de supostas irregularidades do STF em decisões contra Bolsonaro.
O último grande ato de apoio ao ex-presidente ocorreu em 6 de abril, também na Avenida Paulista, quando cerca de 45 mil pessoas se reuniram, segundo dados do Monitor do Debate Político no Meio Digital, do Cebrap. Antes disso, em 16 de março, Bolsonaro reuniu aproximadamente 18 mil simpatizantes na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Relembre o último ato na Paulista
Durante a manifestação de abril, Bolsonaro tentou dialogar com o público internacional ao improvisar uma frase em inglês:
“Popcorn and ice cream seller sentenced for a coup d’état in Brazil”, criticando decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação aos réus dos atos de 8 de janeiro. Em seguida, traduziu: “Sorveteiro e pipoqueiro dando golpe de Estado no Brasil. É uma vergonha!”
A declaração viralizou nas redes sociais, com o termo “popcorn” se tornando um dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter). Usuários relembraram outros episódios controversos do ex-presidente com o idioma, como quando defendeu a nomeação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada nos EUA, mencionando que ele havia “fritado hambúrguer” no país.
Outro destaque do ato foi a reaproximação entre Michelle Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, que estavam afastados publicamente. O vereador surpreendeu a ex-primeira-dama com um abraço após o evento. Também participaram os filhos Flávio Bolsonaro e Jair Renan, enquanto Eduardo permaneceu nos Estados Unidos, alegando “perseguição política”.
Mobilização segue com críticas ao Judiciário
Com a convocação do novo ato, Bolsonaro busca reforçar seu capital político em meio ao avanço das investigações no STF. O evento é visto como resposta direta ao cerco judicial que se estreita ao seu redor.
Na última semana, o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, prestou novo depoimento afirmando que Bolsonaro estava determinado a encontrar supostas fraudes nas urnas eletrônicas para justificar uma possível anulação das eleições de 2022. A declaração fortalece as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a existência de uma tentativa de golpe de Estado. A defesa do ex-presidente, no entanto, aposta em contradições nos relatos de Cid para fragilizar a delação.
Mesmo sob pressão, Bolsonaro tem adotado uma postura combativa, insistindo na defesa da liberdade de expressão e acusando o Judiciário de agir com parcialidade. A nova manifestação é parte de uma estratégia para reunir apoiadores, consolidar influência política e reagir às acusações que ameaçam sua elegibilidade.
O evento do dia 29 também será visto como termômetro do poder de mobilização de Bolsonaro, especialmente após os atos em abril e março, que reuniram milhares de pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro.