“Ninguém lembra do segundo lugar”, diz Toto Wolff ao admitir ano abaixo do esperado e projetar virada da Mercedes em 2026

Depois de anos no topo da Fórmula 1, a Mercedes vive uma fase de reconstrução. O começo de temporada de 2025 tem sido marcado por inconsistências no desempenho e dificuldades técnicas que afastam a equipe do protagonismo. Atualmente atrás da McLaren no campeonato de construtores, os alemães já voltam seus olhos para 2026 — ano de grande mudança no regulamento técnico da categoria.

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Apesar de ainda ocupar a vice-liderança com 147 pontos, a distância para a líder McLaren, que soma 319 pontos, é considerável. O desempenho do W15, carro de 2025, não trouxe a evolução esperada. Nas palavras de Toto Wolff, chefe da equipe Mercedes, a prioridade agora é outra:

“Estamos muito menos preocupados com a posição no campeonato. É mais importante entender onde estamos errando corrida após corrida”, disse Toto Wolff, após o GP de Mônaco. “2026 já começou para nós.”

Foco no futuro

A declaração de Toto Wolff é emblemática. Com o novo regulamento de motores e aerodinâmica previsto para entrar em vigor em 2026, a Mercedes decidiu direcionar seus recursos e atenção ao futuro da categoria. O projeto do novo motor já está em andamento, embora ainda envolto em mistério e incertezas.

Toto Wolff em entrevista - Foto: Reprodução
Toto Wolff em entrevista – Foto: Reprodução

“Temos atingido nossos marcos internos, mas, honestamente, ninguém sabe como estamos em comparação com os outros. Isso é o que mais me preocupa”, afirmou Toto Wolff. “A Red Bull está desenvolvendo seu próprio motor, a Audi está chegando. É um jogo de xadrez no escuro.”

Essa mudança de postura reflete uma estratégia já vista em outras temporadas: abrir mão de resultados imediatos para garantir uma base sólida no ciclo seguinte. A aposta é arriscada, mas pode ser a chave para recuperar a hegemonia perdida desde 2021.

O fim de uma era

Além das questões técnicas, a temporada de 2025 também é marcada por uma mudança simbólica: é a primeira vez, desde 2013, que a equipe não conta com Lewis Hamilton. O heptacampeão trocou a Mercedes pela Ferrari, abrindo espaço para uma nova dupla.

George Russell assumiu o posto de líder técnico, enquanto o jovem Andrea Kimi Antonelli, de apenas 18 anos, faz sua estreia na F1. Ambos enfrentam desafios diferentes: Russell precisa carregar a equipe nos ombros; Antonelli, provar que tem talento para estar ali.

Toto Wolff: Andrea Kimi Antonelli: ""Não tenho medo de ser julgado, sei que a Mercedes tem uma opinião clara sobre meu potencial", afirmou em entrevista - Foto: Reprodução/Mercedes
Andrea Kimi Antonelli: “”Não tenho medo de ser julgado, sei que a Mercedes tem uma opinião clara sobre meu potencial”, afirmou em entrevista – Foto: Reprodução/Mercedes

“É claro que sentimos falta do Lewis, mas esse é um novo capítulo. Estou aqui para ajudar a reconstruir a equipe, e isso leva tempo”, disse Russell. “Kimi tem um talento absurdo, mas ainda está aprendendo. Precisamos ser pacientes.”

Toto Wolff também comentou a transição:

“Foi difícil ver o Lewis sair, mas compreendemos a escolha dele. George é o futuro — e Kimi também. Acreditamos muito nessa dupla.”

Lições do presente, olhos no horizonte

Ainda que 2025 esteja longe de ser uma temporada apagada — a Mercedes já conquistou dois pódios e algumas boas classificações — o carro ainda carece de consistência. Os engenheiros reconhecem que o conceito do carro de 2025 trouxe avanços em relação ao problemático W13 de 2022, mas ainda não é suficiente para brigar por vitórias frequentes.

“Sabíamos que o caminho seria longo. Ainda estamos aprendendo com cada corrida, mas temos que ser honestos com nós mesmos: 2026 é a prioridade”, afirmou Mike Elliott, diretor técnico da equipe. “Estamos construindo o futuro com base no que aprendemos agora.”

A batalha interna e a concorrência

No paddock, há quem enxergue a mudança de foco da Mercedes como um alívio para os rivais. A McLaren tem se beneficiado da inconstância das outras equipes, enquanto a Ferrari tenta encontrar seu ritmo com Hamilton e Leclerc. A Red Bull, por sua vez, já não apresenta o domínio de anos anteriores, o que abre espaço para uma reconfiguração no grid nos próximos dois anos.

Toto Wolff: Andrea Stella: "É um privilégio fazer parte da McLaren e é uma honra continuar no meu cargo de chefe de equipe", disse em entrevista - Foto: Reprodução/McLaren
Andrea Stella: “É um privilégio fazer parte da McLaren e é uma honra continuar no meu cargo de chefe de equipe”, disse em entrevista – Foto: Reprodução/McLaren

“Se há um momento para se reinventar, é agora”, avalia o ex-piloto e comentarista Martin Brundle. “A Mercedes pode estar quieta agora, mas todos sabem do que eles são capazes em um novo ciclo.”

Mais que uma temporada, um recomeço

Para a Mercedes, 2025 não será lembrado como um ano de glórias. No entanto, pode marcar o início de uma nova era. Com uma estrutura técnica consolidada, jovens promessas ao volante e um planejamento voltado para os novos regulamentos, a equipe parece aceitar o presente irregular como parte do processo.

“Ninguém lembra quem foi o segundo colocado no campeonato de construtores. E, honestamente, não nos importamos”, resumiu Toto Wolff. “Queremos vencer — mas vencer do jeito certo, com um carro competitivo e sustentável. E isso será em 2026.”

A equipe continua tentando extrair o máximo do carro atual, confiando que as novas diretrizes técnicas, que vão restringir o uso das asas flexíveis dianteiras, vão ajudar a equilibrar a temporada. As medidas serão implementadas no próximo fim de semana, durante o GP da Espanha.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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