Uma extensa operação da Polícia Judiciária (PJ) de Portugal desarticulou um esquema criminoso sofisticado que facilitava a imigração ilegal de centenas de estrangeiros, com uma expressiva maioria de cidadãos brasileiros, para o território português. A ação, batizada de “Gambérria“, culminou na detenção de 13 indivíduos, incluindo empresários e uma servidora pública, e na apreensão de aproximadamente € 1 milhão (equivalente a R$ 6,4 milhões), além do bloqueio de 35 contas bancárias e o confisco de seis imóveis.
As investigações, que se estenderam por dois anos, revelaram que o grupo criminoso, composto majoritariamente por brasileiros, mas também integrando portugueses e cidadãos do subcontinente indiano, lucrava explorando o sonho de imigrantes de obterem uma vida melhor na Europa. Os suspeitos atraíam as vítimas com promessas ilusórias de emprego e regularização em Portugal, cobrando quantias elevadas por serviços fraudulentos, como a obtenção de contratos de trabalho fictícios e números de identificação fiscal (NIF) irregulares.
Segundo a Polícia Judiciária, a organização criminosa faturou milhões de euros ao longo de sua atuação, legalizando de forma massiva a situação de estrangeiros que, em muitos casos, sequer residiam em Portugal, utilizando a documentação obtida para outros fins ou seguindo para outros países da Europa. Essa constatação expõe uma grave falha no sistema de imigração e levanta questionamentos sobre a fiscalização e os mecanismos de controle de entrada e permanência de estrangeiros em Portugal.
A operação “Gambérria” mobilizou cerca de 200 agentes da PJ, além de magistrados e representantes da Ordem dos Advogados, que cumpriram 40 mandados de busca e apreensão em diversas cidades portuguesas, incluindo Lisboa. A apreensão de um montante tão significativo de dinheiro em espécie, juntamente com o congelamento de contas e a apreensão de bens imóveis, demonstra a dimensão financeira do esquema e o alto lucro obtido pelos criminosos com a exploração da vulnerabilidade dos imigrantes.
A prisão de uma funcionária do governo português lança uma sombra sobre a possibilidade de facilitação interna e corrupção, o que pode ter contribuído para a longevidade e o sucesso do esquema criminoso. Essa linha de investigação deve ser aprofundada para identificar outros possíveis envolvidos e as brechas no sistema que permitiram essa atuação ilícita.
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Para os imigrantes que foram vítimas dessa rede, a situação é delicada e incerta. Muitos investiram suas economias na busca por uma vida melhor em Portugal e agora enfrentam o risco de perder o dinheiro pago e ter sua situação legal questionada, podendo inclusive serem deportados. A Polícia Judiciária não divulgou o número exato de imigrantes lesados, mas a dimensão da operação sugere que são centenas de pessoas afetadas.
Este caso serve como um alerta para os brasileiros que buscam oportunidades de imigração para Portugal e outros países da Europa. É fundamental pesquisar e buscar informações em fontes oficiais e confiáveis sobre os processos legais de imigração, evitando intermediários com promessas fáceis e pagamentos adiantados, que muitas vezes escondem golpes e exploração.
A operação “Gambérria” representa um importante passo no combate ao crime organizado e à exploração de imigrantes em Portugal. As investigações devem continuar para identificar todos os membros da rede, responsabilizá-los judicialmente e evitar que esquemas semelhantes continuem a prejudicar pessoas vulneráveis em busca de uma nova vida.