Odebrecht renasce: seis anos após escândalo, gigante da construção retoma nome original

A antiga onipresente Odebrecht, cujo nome ecoou nos noticiários globais em meio a um dos maiores escândalos de corrupção da história, anunciou seu retorno à identidade original. Após seis anos operando sob a alcunha de Novonor, uma tentativa de virar a página de um passado turbulento, a holding parece apostar em sua marca original, buscando ressignificar sua trajetória e, quem sabe, reconquistar a confiança de um mercado ainda marcado pelas cicatrizes da Operação Lava Jato.

Mas a pergunta que paira no ar é: a troca de nome é suficiente para apagar as sombras do passado e pavimentar um futuro de credibilidade?

O labirinto da Lava Jato e o nascimento da Novonor

Para entender a dimensão dessa mudança, é preciso revisitar o epicentro da crise. A operação Lava Jato, deflagrada em 2014, expôs um enorme esquema de corrupção envolvendo a Odebrecht e diversas outras empresas, com ramificações em toda a América Latina e além. O nome Odebrecht se tornou sinônimo de propina, cartel e desvio de recursos públicos, manchando irremediavelmente a reputação de um conglomerado que já foi um dos maiores da América Latina.

Em meio a acordos de leniência e uma tentativa de reestruturação, a estratégia de renomear a holding para Novonor em 2020 surgiu como uma tentativa de marcar um novo começo e distanciar a empresa de herança negativa sinalizando uma nova postura ética e de governança. As unidades de negócio da empresa, como a OEC (Odebrecht Engenharia e Construção), mantiveram a marca original.

O retorno às raízes: estratégia ou reconhecimento?

Agora, a decisão de unificar novamente sob o nome Odebrecht levanta uma série de questionamento. A empresa informa que a razão social da companhia agora será Odebrecht Engenharia e Construção. O anúncio já foi feito ao mercado e a identidade visual da empresa será renovada.

Fundava em 1944, a empresa conta atualmente com cerca de 18 mil funcionários o Brasil, Peru, Angola e Estados Unidos. Nos últimos cinco anos, entregou 36 projetos em sete países. Em seu relatório anual de 2023, a empresa informa que teve receita líquida de R$4,06 bilhões. A dívida, que chegou a 4,6 bilhões de dólares, caiu para 150 milhões.

A retomada do nome Odebrecht inevitavelmente trará uma análise ainda maior sobre as práticas da empresa. O futuro da “nova” Odebrecht dependerá de sua capacidade de demonstrar um compromisso genuíno com a ética e a transparência. A mudança de nome é apenas o primeiro passo em uma longa jornada de reconstrução de sua imagem e de sua relação com a sociedade.

O tempo dirá se a emblemática empreiteira conseguirá, de fato, renascer sob sua antiga bandeira, deixando para trás as sombras de um passado que marcou a história do Brasil.

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