O apresentador Marcos Mion apagou uma publicação em que criticava a condenação do humorista Léo Lins, após enfrentar forte repercussão negativa nas redes sociais e, segundo apuração da imprensa, pressão interna da TV Globo, onde comanda o programa Caldeirão com Mion. A atitude reacendeu o debate sobre os limites da liberdade de expressão, o papel das figuras públicas e a influência das redes sociais na construção — e desconstrução — de reputações.
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Na postagem original, Marcos Mion deixava claro que desaprovava e repudiava o estilo de humor de Léo Lins, classificado por ele como “ofensivo, nojento e inaceitável”. No entanto, apontava que a sentença judicial que condenou o comediante a mais de oito anos de prisão por racismo e capacitismo poderia representar um precedente preocupante para a liberdade artística.
“Discordo e não respeito o que ele faz. Mas censura nunca é boa”, escreveu o apresentador.
A reação do público foi imediata. Muitos internautas acusaram Marcos Mion de relativizar discursos de ódio sob o pretexto de defender a liberdade de expressão. A crítica atingiu não apenas o conteúdo do post, mas também a postura do apresentador, que já vinha sendo alvo de observações nas redes sociais por seu comportamento considerado “exagerado” ou “forçado” por parte do público.
De acordo com informações de bastidores, a TV Globo demonstrou desconforto com o posicionamento do apresentador, especialmente diante do histórico do canal de assumir pautas progressistas e de responsabilidade social. A avaliação é de que o discurso de Mion, ainda que com ressalvas, poderia colidir com os valores institucionais da emissora. O temor maior, segundo apurações, era o desgaste da imagem do apresentador, que mesmo com bons números de audiência, ainda enfrenta resistência de parte do público.

Diante da repercussão, Marcos Mion apagou o post e publicou uma nova declaração em tom mais firme e inequívoco, deixando claro que sua intenção nunca foi defender o conteúdo de Léo Lins.
“Eu NÃO DEFENDI o conteúdo do Léo Lins. Pelo contrário. Já me posicionei contra publicamente, várias vezes. Ele mesmo já zombou de mim por isso. Eu detesto, abomino e me enoja o tipo de humor que ele faz”.
A nova publicação buscava reforçar sua posição contra o humor discriminatório, ao mesmo tempo em que mantinha sua preocupação com possíveis excessos da Justiça em relação à censura. O movimento foi lido por muitos como uma tentativa de reposicionar-se diante da crise, equilibrando sua imagem pessoal com a expectativa do público e as exigências da emissora.
O caso reacende um debate antigo e delicado no Brasil: até onde vai o direito à liberdade de expressão e quando ele esbarra na responsabilidade social? Para figuras públicas como Mion, cada palavra escrita ou falada nas redes pode ter consequências reais, e a fronteira entre opinião e influência segue sendo uma linha tênue e, muitas vezes, instável.