Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, morre aos 73 anos

O cantor e compositor mineiro Lô Borges, um dos pilares do Clube da Esquina e figura fundamental da música brasileira, morreu neste domingo (2), aos 73 anos. A notícia foi confirmada por familiares e amigos próximos. Lô deixa uma obra marcada pela delicadeza poética, pela sonoridade inventiva e por uma trajetória que ajudou a redefinir a canção popular no Brasil.

Nascido em Belo Horizonte, Lô ficou conhecido por sua parceria com Milton Nascimento, com quem lançou em 1972 o histórico “Clube da Esquina”, álbum que se tornou um marco da MPB por unir influências do rock, do jazz e da música latino-americana a uma profunda sensibilidade brasileira.

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O disco projetou não apenas o nome de Lô, mas também de toda uma geração de artistas mineiros que transformaram a música dos anos 1970. Com apenas 20 anos, o artista lançou também seu primeiro disco solo, o icônico “disco do tênis”, reconhecido até hoje como uma das obras mais originais da música nacional. Nele, Lô Borges mostrou um estilo livre e introspectivo, que fugia aos padrões comerciais da época e consolidava sua identidade artística como algo genuinamente autoral.

Ao longo das décadas, o compositor seguiu produzindo, com momentos de afastamento e retornos triunfais aos palcos. Seu trabalho manteve-se fiel a uma estética que valorizava a simplicidade, a harmonia e o lirismo.

Canções como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” seguem sendo cantadas por diferentes gerações, perpetuando sua influência. Lô Borges era conhecido pela timidez e pelo amor à sua terra. Preferia o silêncio, mas sua música sempre falou alto sobre amizade, liberdade e o poder da criação coletiva. Sua morte representa uma perda imensurável para a cultura brasileira e para todos que aprenderam a ouvir a alma de Minas em suas melodias.

Em nota, artistas e amigos lamentaram a partida do músico, destacando seu papel como símbolo de integridade e pureza artística. “Lô foi a trilha da nossa juventude e da nossa resistência”, disse Milton Nascimento. O legado do cantor segue vivo, pulsando em cada acorde do Clube da Esquina e na memória afetiva de quem foi tocado por sua arte.

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