Lewis Hamilton resgata ancestralidade africana com traje poderoso no Met Gala 2025

Se você acha que foi “só uma roupa branca com conchas”, é porque ainda não entendeu o poder simbólico e ancestral da aparição de Lewis Hamilton no tapete do Met Gala 2025. O piloto britânico, único negro da história da Fórmula 1 em mais de 70 anos de existência da categoria, não apenas compareceu como coanfitrião da noite, mas fez de sua vestimenta uma aula de história, política e ancestralidade africana.

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No centro do visual criado pelo estilista Burc Akyol, estavam os búzios — também chamados de cauris — que por séculos foram as primeiras moedas de circulação global. Muito antes da chegada dos europeus ao continente africano, os búzios já dominavam o comércio na costa leste da África, sendo símbolos de valor, fertilidade, proteção e conexão espiritual em diversas culturas.

Foto/Reprodução: Lewis Hamilton/Instagram

Hamilton usou essas conchas não apenas como ornamento, mas como elemento central de sua mensagem política e cultural: reafirmar a importância da ancestralidade africana e resgatar sistemas de valor apagados pela colonização. O traje, feito em tom marfim, simboliza pureza e status, enquanto as conchas e miçangas foram aplicadas como decorações ancestrais.

A homenagem foi ainda mais potente por dialogar com o tema da noite: o Dandismo Negro, um movimento político e estético no qual homens negros subvertem os padrões eurocêntricos de elegância, usando a moda como forma de resistência, identidade e dignidade.

A produção foi completada com uma boina assinada pelo lendário chapeleiro Stephen Jones e um broche com granadas inspirado na árvore baobá, símbolo africano de sabedoria, força e ancestralidade. O detalhe curioso? A granada é a pedra do mês de nascimento de Hamilton, janeiro — uma escolha que reforça o cuidado do piloto com cada aspecto simbólico da produção.

Foto/Reprodução: Lewis Hamilton/Instagram

Mais do que um look, Hamilton vestiu séculos de história e resistência. Seu traje resgatou o valor africano dos búzios, usados como moedas até o século XIX, quando foram desvalorizados pelos europeus durante a colonização, ao despejar grandes quantidades vindas do litoral sul do Brasil para provocar inflação em países como o Congo.

Com esse gesto, Hamilton reivindica um sistema de valor africano anterior à imposição colonial e reafirma que, mesmo com o fim de sua função econômica, os búzios sobreviveram como símbolo de identidade cultural — e agora, voltam a brilhar no centro de um dos palcos mais assistidos do planeta.

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