Justiça dos EUA abre caminho para liberdade dos Irmãos Menendez após mais de 30 anos de prisão

Mais de três décadas após o crime que chocou os Estados Unidos, os irmãos Lyle e Erik Menendez, condenados pelo assassinato dos próprios pais em 1989, poderão, pela primeira vez, ter a chance de sair da prisão. Em uma decisão histórica, o juiz Michael Jesic, do Tribunal Superior de Los Angeles, revisou as sentenças de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, substituindo-as por penas de 50 anos à prisão perpétua, o que os torna elegíveis para liberdade condicional.

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A sentença original, imposta na década de 1990, condenava os irmãos a passar o resto da vida atrás das grades, sem qualquer possibilidade de revisão. No entanto, a nova decisão levou em consideração fatores como o histórico de bom comportamento e reabilitação na prisão, o envolvimento em programas educacionais e sociais, além da nova legislação da Califórnia, que prevê tratamento diferenciado a réus jovens — Lyle tinha 21 anos e Erik, 18, à época do crime.

Além disso, novas evidências documentais e testemunhais reacenderam o debate sobre as motivações do crime. Os irmãos sempre alegaram que sofreram abusos físicos, sexuais e psicológicos por parte do pai, José Menendez, enquanto a mãe, Kitty, teria sido omissa. Uma carta escrita por Erik antes do crime, mencionando os abusos, e o recente documentário da Netflix, que trouxe novos depoimentos, ajudaram a sustentar o pedido de revisão da pena.

Durante a audiência de reclassificação, os dois irmãos demonstraram remorso e reiteraram que os assassinatos não foram motivados por ganância, mas sim por desespero após anos de sofrimento. O juiz reconheceu que, apesar da gravidade do crime, os réus demonstraram avanços significativos em sua conduta e valores pessoais.

A decisão, no entanto, dividiu opiniões. O atual promotor de Los Angeles, Nathan Hochman, se posicionou contra a mudança, afirmando que os irmãos nunca assumiram plena responsabilidade pelo crime. Já o ex-promotor e atual defensor público George Gascón apoiou a revisão, ressaltando a importância de considerar a juventude e o trauma no julgamento de casos graves.

A audiência de liberdade condicional está marcada para 13 de junho de 2025, e caberá ao Conselho de Liberdade Condicional da Califórnia avaliar se os irmãos estão aptos a retomar a vida em sociedade. O governador Gavin Newsom poderá ter a palavra final no processo, caso haja contestação da decisão.

O caso dos Irmãos Menendez permanece como um dos mais polêmicos e debatidos do sistema judicial americano — agora reacendido por discussões contemporâneas sobre abuso, trauma, justiça restaurativa e reabilitação no cárcere.

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