O influenciador paraibano Hytalo Santos foi preso nesta sexta-feira (15) em São Paulo, em uma operação conjunta do Ministério Público da Paraíba (MPPB), Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Civil da Paraíba e de São Paulo e Polícia Rodoviária Federal. Ele é investigado por suposta exploração e exposição de menores de idade em conteúdos para redes sociais.
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O caso ganhou grande repercussão no início de agosto, quando o youtuber Felca, com mais de quatro milhões de inscritos, publicou um vídeo denunciando casos de “adultização” de crianças e adolescentes, citando a atuação de Hytalo.
As apurações, no entanto, começaram ainda em 2024 e tramitam em duas promotorias. Em Bayeux, a promotora Ana Maria França apura denúncias de vizinhos do condomínio onde o influenciador vivia, que relataram festas com adolescentes, consumo de bebidas alcoólicas e topless.
Já em João Pessoa, o promotor João Arlindo investiga a suspeita de um esquema para emancipar menores de idade, entre 16 e 18 anos, em troca de presentes, como celulares dados aos familiares, permitindo que eles assinassem contratos e participassem de conteúdos como se fossem adultos. Em ambos os processos, Hytalo foi ouvido e negou as acusações. No caso de João Pessoa, os adolescentes envolvidos também prestaram depoimento, mas apenas uma vez, para evitar revitimização.
O Ministério Público do Trabalho conduz uma investigação paralela, analisando mais de 50 vídeos publicados por Hytalo e colhendo mais de 15 depoimentos de pessoas que trabalharam ou tiveram ligação com as produções. Segundo o procurador Flávio Gondim, foram reunidos documentos e informações que exigem aprofundamento, especialmente no que diz respeito ao trabalho de menores em produções digitais.
A Justiça da Paraíba já determinou uma série de medidas cautelares contra o influenciador. No dia 12, foi ordenado o bloqueio de acesso às redes sociais de Hytalo e a desmonetização de todos os vídeos já publicados, impedindo que eles gerem receita. A decisão também o proibiu de manter contato com os adolescentes citados nos processos.
Além disso, MPPB e MPT solicitaram à Loteria do Estado da Paraíba (Lotep) a suspensão de uma empresa de rifas e sorteios associada a Hytalo, sob acusação de uso irregular de imagens de menores para divulgação. A Lotep informou que o influenciador atuou apenas como divulgador contratado pela empresa FM Agenciamento Publicitário & Intermediação de Negócios.
Dois mandados de busca e apreensão já foram cumpridos. O primeiro, no dia 13, em um condomínio de luxo no bairro Portal do Sol, em João Pessoa, não resultou na coleta de material, pois o imóvel estava fechado. O segundo, no dia 14, autorizado no âmbito da investigação de Bayeux, teve apreensão de celulares e de um computador. Nesta ação, havia permissão judicial para arrombamento em caso de resistência, segundo informou o juiz Antônio Rudimacy Firmino.
A prisão em São Paulo foi articulada com apoio das polícias estaduais e da PRF. As autoridades não informaram se Hytalo será transferido imediatamente para a Paraíba.
Em nota, a defesa de Hytalo Santos declarou que ele não tinha conhecimento prévio da execução de um dos mandados de busca e apreensão, já que se tratava de medida sigilosa, e afirmou que o cliente está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários. Os advogados negam qualquer prática ilícita e sustentam:
“Hytalo reitera que jamais compactuou com qualquer ato que atente contra a dignidade de crianças e adolescentes. Confiamos que tudo ficará devidamente esclarecido no decorrer das investigações e perante o público que nele confia e o acompanha nas redes sociais.”
O promotor João Arlindo informou que o relatório final da investigação conduzida em João Pessoa deve ser concluído na próxima semana. Enquanto isso, as apurações do MPPB, do MPT e as medidas cautelares continuam em andamento, podendo resultar em novas ações judiciais contra o influenciador.
