O Brasil se despede nesta quinta-feira (1) de uma das vozes mais marcantes e emocionais da música popular brasileira. Nana Caymmi, cantora e dona de uma trajetória intensa, faleceu aos 84 anos no Rio de Janeiro. A notícia deixa em luto o universo da música, que perde não apenas uma intérprete magistral, mas uma mulher que, com sua força e autenticidade, atravessou décadas dando voz às dores e delícias da alma brasileira.
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Nana nasceu no berço da música filha do compositor baiano Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, ela carregava nas veias a tradição e o lirismo que ajudaram a moldar a identidade musical do país. Mas longe de viver à sombra do sobrenome, Nana construiu uma carreira própria, marcada por escolhas artísticas ousadas, uma voz grave e carregada de emoção, e uma autenticidade que desafiou convenções.
Apesar do talento evidente desde jovem, a vida artística de Nana não foi feita apenas de aplausos. Foi vaiada no Festival Internacional da Canção de 1966, mas nunca recuou. A dor do episódio ecoaria em sua arte, tornando-a ainda mais profunda. O reconhecimento veio com o tempo, e a cantora se consagrou como uma das grandes intérpretes da MPB, com sucessos como “Resposta ao Tempo”, “Se Queres Saber” e “Estrela da Terra”, além de parcerias com nomes como Tom Jobim, Milton Nascimento e Wagner Tiso.
Ao longo de mais de seis décadas de carreira, Nana lançou dezenas de discos e recebeu prêmios importantes, como o Grammy Latino. Mas seu maior legado é imaterial: está na maneira como traduziu emoções em música, com uma interpretação que não precisava de exageros bastava sua voz encorpada e sincera, que dizia tanto nas pausas quanto nas notas.

Imagem: musicnonstop.uol.com.br
Fora dos palcos, Nana era conhecida pelo temperamento firme, pelas opiniões contundentes e por uma personalidade que não se moldava a rótulos. Foi mulher à frente do seu tempo, enfrentando as dores pessoais perdas, amores, conflitos com a mesma intensidade com que cantava.
O velório será realizado no Rio de Janeiro, em cerimônia restrita à família e amigos próximos. A artista deixa três filhos e uma nação que, em silêncio, lhe presta a última homenagem: ouvindo suas canções e reconhecendo, entre lágrimas, que poucas vozes foram tão humanas quanto a dela.
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