O futebol brasileiro vive um momento de grande movimentação nos bastidores, especialmente no que diz respeito ao comando técnico de clubes tradicionais. Em um intervalo curto de tempo, Internacional, Botafogo e Remo protagonizaram movimentos que ajudam a desenhar o cenário para a temporada de 2026.
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Contratações, despedidas e projetos esportivos distintos revelam não apenas escolhas técnicas, mas também visões institucionais e estratégias de médio e longo prazo.
Inter aposta em Paulo Pezzolano para liderar novo ciclo em 2026
O Sport Club Internacional anunciou oficialmente a contratação de Paulo Pezzolano como novo treinador da equipe a partir de 2026. O vínculo firmado vai até o fim da próxima temporada, marcando o início de uma nova fase no Beira-Rio, após um ano de fortes emoções.
A chegada de Pezzolano representa uma aposta clara em um perfil moderno, intenso e com histórico recente de reconstrução de equipes. O uruguaio assume o posto deixado por Abel Braga, que retornou pontualmente à beira do campo para livrar o clube do rebaixamento no Brasileirão. A partir de agora, Abel seguirá no Colorado como diretor técnico, atuando de forma estratégica fora das quatro linhas.
Com passagens marcantes pelo Cruzeiro, onde conquistou a Série B em 2022, Pezzolano também acumulou experiências internacionais no Real Valladolid e no Watford. Agora, chega a Porto Alegre acompanhado de sua comissão técnica completa, sinalizando planejamento e autonomia para implantar seu modelo de jogo.
A escolha faz de Pezzolano o nono treinador da gestão de Alessandro Barcellos, evidenciando a busca do Inter por estabilidade após anos de alternância no comando.
Saída de Davide Ancelotti expõe tensões internas no Botafogo
No Botafogo, o fim da passagem de Davide Ancelotti revelou um cenário de desgaste interno e divergências profundas sobre metodologia e planejamento. Embora o contrato do treinador fosse válido até o fim de 2026, a ruptura foi oficializada de forma consensual, sem ônus financeiro imediato para nenhuma das partes.
O principal ponto de atrito envolveu o preparador físico Luca Guerra. Decisões relacionadas à carga de treinos, à condução física dos atletas e ao relacionamento com o Núcleo de Saúde e Performance geraram desconforto crescente nos bastidores. Internamente, havia a avaliação de que a intensidade aplicada nos trabalhos contribuiu para o aumento de lesões musculares ao longo da temporada.
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Apesar de inicialmente compreender as queixas da diretoria, Davide passou a adotar uma postura irredutível, considerando a permanência de Guerra indispensável para a continuidade do projeto. A situação se agravou diante de incertezas no planejamento para 2026, incluindo possíveis vendas de atletas-chave, risco de transferban e a necessidade de reforços de maior impacto, pontos que, segundo o treinador, não estavam alinhados à ambição esportiva defendida por John Textor.
Além das questões técnicas, Davide também demonstrava insegurança quanto à sustentação política de seu trabalho, especialmente diante da pressão da torcida em momentos de oscilação. Ao final, a decisão foi comunicada aos líderes do elenco em Rio de Janeiro, encerrando uma passagem de 33 jogos.
Remo anuncia Juan Carlos Osório e mira temporada histórica
O Clube do Remo oficializou a contratação de Juan Carlos Osorio como novo treinador para a temporada 2026. Aos 64 anos, o colombiano chega ao Baenão com um currículo internacional robusto e reconhecimento pelo perfil estudioso e tático.
Osorio carrega no histórico a liderança da Seleção Mexicana na Copa do Mundo de 2018, além de passagens por clubes como São Paulo FC, Athletico Paranaense e equipes do futebol mexicano, africano e norte-americano. Seu último trabalho foi no Club Tijuana.
Conhecido por variar esquemas táticos, promover rodagem de elenco e valorizar preparação estratégica, Osorio assume o Remo em um momento decisivo. O clube se prepara para disputar competições de grande relevância em 2026, o que exige respostas rápidas no mercado e definição clara de identidade de jogo.
A diretoria azulina trabalha agora na montagem da comissão técnica e no alinhamento do elenco ao perfil do novo comandante, enquanto a expectativa cresce entre torcedores em Belém por uma temporada de afirmação nacional.
Um retrato do futebol brasileiro atual
Os três movimentos revelam um futebol cada vez mais estratégico fora de campo, em que decisões técnicas caminham lado a lado com gestão, planejamento e política interna.
O ano de 2026 começa a ser desenhado agora, e, para esses clubes, o banco de reservas será tão decisivo quanto o gramado.









