Lewis Hamilton vive “pior corrida da carreira” no GP da Espanha e expõe crise pessoal e técnica

O domingo ensolarado no Circuito de Barcelona-Catalunha parecia prenunciar um espetáculo de velocidade e estratégia, mas para Lewis Hamilton, o heptacampeão mundial que agora veste vermelho, o GP da Espanha de 2025 se transformou em mais um capítulo amargo de sua conturbada trajetória na Ferrari. O sexto lugar ao fim da prova, vencida com autoridade por Oscar Piastri, da McLaren, foi recebido por Hamilton com semblante abatido e declarações desanimadoras, culminando em uma frase que diz muito mais do que as poucas palavras pronunciadas:

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“Essa é a pior corrida que já vivi.”

Desde que se juntou à Ferrari, em uma transferência bombástica que movimentou o paddock e inflamou os corações tifosi ao redor do mundo, Hamilton ainda não conseguiu encontrar seu ritmo ideal. A esperança de devolver o título à escuderia italiana, ausente desde 2007 com Kimi Räikkönen, parece cada vez mais distante diante de desempenhos irregulares e um carro que não entrega o que promete.

No GP da Espanha, Hamilton largou bem da quinta posição e logo assumiu o quarto lugar ao ultrapassar George Russell. No entanto, o que parecia o início de uma jornada sólida rapidamente virou um calvário. A SF-25 mostrou novamente fragilidades de ritmo em stint longo, e Lewis precisou se defender com agressividade dos ataques de seu companheiro de equipe, Charles Leclerc. A Ferrari, em uma decisão pragmática, ordenou a inversão de posições — um golpe duro para o orgulho do multicampeão.

Mas o pior ainda estava por vir. Com uma parada menos eficiente e problemas de ritmo persistentes, Hamilton foi superado pelas Mercedes de Russell e do estreante Kimi Antonelli. Um problema no motor do jovem italiano o retirou da disputa, permitindo que Hamilton recuperasse temporariamente a sexta colocação. No entanto, após o safety car acionado pela quebra do motor de Antonelli, o britânico perdeu a posição para Nico Hulkenberg, em uma surpreendente exibição com a modesta Sauber.

Foi só graças a uma punição de 10 segundos imposta a Max Verstappen — pela colisão com George Russell — que Hamilton recuperou a sexta posição. Um resultado frio, sem brilho e completamente eclipsado por performances mais consistentes ao longo do grid, como a de Leclerc, que subiu ao pódio, e a vitória convincente de Piastri.

Após a corrida, Hamilton compareceu à zona mista sem esconder sua decepção. À Sky Sports, reafirmou que a equipe havia feito um bom trabalho estratégico:

“A estratégia foi boa. A equipe fez um grande trabalho. É isso. Eu tive um dia bem ruim e não tenho nada a falar.”

O que chamou mais atenção, no entanto, foi a maneira com que o piloto, sempre articulado e incisivo, se calou diante dos microfones. As respostas curtas, o olhar distante e o tom de derrota revelaram muito sobre o atual momento de Hamilton na Fórmula 1. Questionado sobre o motivo das respostas secas, ele simplesmente concluiu:

Lewis Hamilton em entrevista à Sky Sports — Foto: Reprodução
Lewis Hamilton em entrevista à Sky Sports — Foto: Reprodução

“Foi terrível, não tem motivo para explicar. Não é sua culpa, eu só não sei o que dizer.”

Hoje, com 71 pontos no campeonato de pilotos e apenas um quarto lugar como melhor resultado em 2025, o desempenho em Barcelona escancara uma temporada abaixo das expectativas para o homem que por anos dominou o esporte. Mais do que uma fase ruim, há um sentimento de que Lewis Hamilton enfrenta uma crise existencial nas pistas — o peso de um legado gigantesco, o simbolismo de correr por uma equipe histórica e, talvez, o crepúsculo de uma carreira brilhante.

A Ferrari, por sua vez, enfrenta o dilema de lidar com dois talentos de alto calibre — Leclerc e Hamilton — em uma temporada em que a disputa interna parece mais viva do que a luta pelo título. Se por um lado o carro evoluiu em confiabilidade, por outro segue instável em performance. Para Hamilton, o maior desafio pode não estar em encontrar décimos de segundo, mas em reencontrar a motivação para competir em alto nível.

Com o GP do Canadá se aproximando, a pressão aumenta. A Ferrari precisa entregar mais; Hamilton precisa reencontrar sua forma. Caso contrário, a temporada 2025 corre o risco de ser lembrada não como a da redenção de uma lenda, mas como o lento desvanecer de sua magia em meio ao vermelho de Maranello.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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