O tradicional circuito de Kyalami, na África do Sul, está mais próximo de retornar ao calendário da Fórmula 1. A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) aprovou oficialmente o plano de reforma da pista, que tem como objetivo adequá-la ao grau 1 – o mais alto nível de homologação da entidade e requisito indispensável para a realização de provas da principal categoria do automobilismo mundial.
LEIA TAMBÉM: Dilema na escuderia Ferrari: atualizar SF-25 ou focar em nova retomada com projeto 678 em 2026?
O anúncio foi feito na última quarta-feira (18), em coletiva de imprensa com Toby Venter, proprietário do circuito, e Clive Bowen, fundador da Apex Circuit Design – empresa responsável pelo projeto, que também assinou o autódromo de Miami.
“Este é um momento definidor para o automobilismo sul-africano”, afirmou Venter. “Quando adquirimos Kyalami em 2014, nos comprometemos a restaurá-lo como símbolo do automobilismo no continente africano. A aceitação do nosso projeto Grau 1 pela FIA é um grande passo nessa jornada.”

Com a aprovação, Kyalami terá um prazo de três anos para realizar as melhorias exigidas antes de uma nova inspeção final por parte da FIA. A pista atualmente possui homologação de grau 2, que não permite corridas da F1, mas já atende a outras categorias de alto nível.
As intervenções previstas não incluem alterações no traçado da pista. Em vez disso, concentram-se em ajustes técnicos como ampliação das áreas de escape, atualização de barreiras de proteção, reforço nas cercas de contenção, redesenho das zebras e modernização dos sistemas de drenagem.
“É uma atualização de baixo impacto do ponto de vista da engenharia, mas que eleva os já excelentes padrões do circuito aos requisitos modernos de Grau 1”, explicou Bowen.
Caso todas as reformas sejam concluídas com sucesso e aprovadas na inspeção final, Kyalami se tornará o único autódromo africano apto a receber provas de Fórmula 1, retomando um legado que começou em 1967 e terminou em 1993, quando Alain Prost venceu a última corrida da categoria no local.
No entanto, a aprovação do plano não garante automaticamente a inclusão de Kyalami no calendário da F1. A África do Sul ainda precisa vencer uma disputa crescente pela vaga no continente. Em março, o governo sul-africano abriu oficialmente o processo para atrair interessados na candidatura. A Cidade do Cabo, inclusive, planeja rivalizar com Kyalami para sediar uma eventual etapa.

Além disso, Ruanda também entrou na briga, com um projeto liderado pelo presidente Paul Kagame. A proposta inclui a construção de um novo circuito nos arredores de Kigali, capital do país.
Fora do continente, a Tailândia anunciou recentemente um plano bilionário para criar uma etapa de rua em Bangkok, ampliando a concorrência por um espaço na já disputada temporada da F1.
O retorno da Fórmula 1 à África é um objetivo declarado pela gestão da categoria. Desde 2022, o CEO da F1, Stefano Domenicali, considera a expansão para o continente uma prioridade.
Lewis Hamilton, heptacampeão mundial, é um dos principais defensores dessa ideia. O piloto britânico, que tem raízes africanas, já declarou publicamente seu desejo de correr na África do Sul como forma de “exaltar a Pátria-Mãe”.

“Sim, acho que seria ótimo ter uma corrida em todos os continentes que existem. E sei que isso quase aconteceu mas não rolou. Então, sim, é claro, seria ótimo. Tenho certeza de que eles estão investindo muito tempo e dinheiro para que isso seja um sucesso, e para promover o país”, disse ele.
O destino da Fórmula 1 no continente africano segue indefinido, mas com a aprovação do plano da FIA, Kyalami volta com força à disputa, impulsionando o sonho de ver novamente os carros da principal categoria do automobilismo acelerando em solo sul-africano.
Próxima etapa
A Fórmula 1 retorna entre os dias 27 e 29 de junho, com o GP da Áustria, 11ª etapa do campeonato, no tradicional circuito de Spielberg.