Gramados sintéticos dividem clubes, e Série A pressiona CBF por suspensão até 2026

A discussão sobre o uso de gramados sintéticos voltou ao centro do futebol brasileiro após a reunião do Conselho Técnico da Série A, realizada na quinta-feira, 11 de dezembro, no Rio de Janeiro. Dirigentes de clubes da elite pediram formalmente à CBF a suspensão da homologação de novos campos artificiais até que um estudo mais amplo seja concluído e uma decisão definitiva seja tomada, o que deve ocorrer apenas no primeiro trimestre de 2026.

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CBF adia decisão e promete novo debate em 2026

A Confederação Brasileira de Futebol sinalizou que o tema será retomado entre fevereiro e março, em novo encontro com os clubes. A entidade entende que decisões estruturais exigem mais subsídios técnicos e um modelo de governança mais sólido, para evitar mudanças repentinas. Além dos gramados, também estão na pauta questões como o limite de estrangeiros e a possibilidade de redução no número de rebaixados para a Série B.

Estudos não apontam diferença em lesões, mas debate vai além

A discussão sobre o piso artificial não é inédita. No início da atual temporada, a CBF encomendou um estudo comparando a incidência de lesões em gramados naturais e sintéticos. O levantamento não apontou discrepâncias significativas. Ainda assim, a confederação pretende ampliar a análise, incluindo fatores como ritmo de jogo e possíveis vantagens competitivas para equipes que utilizam o sintético.

Flamengo protocola proposta e amplia tensão entre clubes

O tema ganhou força após o Flamengo protocolar uma proposta defendendo a proibição dos gramados sintéticos no futebol brasileiro. O clube sugeriu um período de transição até 2027 para equipes da Série A e até 2028 para a Série B. A iniciativa elevou a tensão entre os clubes, especialmente pela rivalidade recente com o Palmeiras, que utiliza gramado sintético no Allianz Parque desde 2020.

Clubes com sintético reagem e divulgam nota oficial

A movimentação do Flamengo gerou reação imediata das equipes que utilizam ou utilizarão gramados artificiais. Athletico-PR, Atlético-MG, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras divulgaram nota conjunta em defesa do modelo. Segundo os clubes, gramados sintéticos de alta performance superam, em diversos aspectos, campos naturais em más condições, realidade presente em parte significativa dos estádios brasileiros.

Maioria dos dirigentes se posiciona contra o piso artificial

Apesar da defesa, os clubes favoráveis ao sintético ficaram em minoria no Conselho Técnico. A maior parte dos dirigentes da Série A se posicionou contra o uso desse tipo de superfície e pediu à CBF que suspenda novas aprovações até que o debate seja aprofundado. A sugestão inclui ouvir jogadores para formar um diagnóstico mais completo sobre o tema.

Atletas entram no debate e pressionam confederação

A opinião dos jogadores ganhou peso na discussão. Em fevereiro, atletas como Neymar, Thiago Silva, Gabigol e Philippe Coutinho se manifestaram publicamente contra o uso de gramados sintéticos, reforçando a pressão para que a CBF considere a visão de quem atua diretamente em campo.

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Possível veto e fase de transição entram em discussão

Caso a proposta defendida pela maioria avance, uma eventual decisão pode incluir o veto ao uso dos gramados sintéticos e a criação de uma fase de transição obrigatória para que os clubes migrem para campos naturais. Por enquanto, não há indicação de que essa será a decisão final. A CBF afirmou que, justamente por conta da discussão em andamento, não acredita que algum clube tente implementar mudanças estruturais antes da próxima reunião.

Cenário de 2026 aumenta urgência por definição

O tema ganha ainda mais relevância diante do cenário projetado para 2026. Estima-se que até 30 por cento das partidas da Série A possam ser disputadas em estádios com gramado sintético, o que intensifica a pressão por uma definição. Paralelamente, a confederação promete aumentar a cobrança pela melhoria da qualidade dos gramados naturais no país.

Outros temas entram na pauta do Conselho Técnico

Além do piso, o Conselho Técnico levantou outros assuntos sensíveis. Um deles é o limite de estrangeiros em campo, que passou de cinco para nove entre 2023 e 2024, mas hoje enfrenta resistência entre os clubes. Outro ponto é a possibilidade de redução no número de rebaixados para a Série B, tema que exige diálogo com os representantes da segunda divisão.

A CBF não garantiu que qualquer uma dessas questões será resolvida no próximo encontro, mas reafirmou que todas retornarão à pauta. Entre elas, a discussão sobre os gramados sintéticos promete ser a mais intensa e gerar maior divisão entre clubes, atletas e dirigentes.

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