FIA avalia superlicença para Lindblad antes do GP do Canadá

A poucos dias do Grande Prêmio do Canadá, uma possível mudança de panorama no grid da Fórmula 1 coloca os holofotes sobre um jovem talento do automobilismo mundial. A Red Bull Racing solicitou à Federação Internacional de Automobilismo (FIA) uma autorização especial para conceder a superlicença de Fórmula 1 a Arvid Lindblad, piloto britânico de apenas 17 anos e atual destaque da Fórmula 2. A questão será discutida na próxima semana, durante reunião do Conselho Mundial de Automobilismo, em Macau.

A urgência da RBR tem motivo claro: Max Verstappen, tetracampeão mundial, está na iminência de ser suspenso por uma corrida, após acumular 11 pontos em sua carteira de superlicença — apenas um ponto abaixo do limite permitido pela FIA. Caso o holandês cometa nova infração antes de 30 de junho, ficará de fora de um dos próximos GPs, abrindo espaço para um substituto.

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Entre os cotados, Arvid Lindblad desponta como aposta futura da equipe. Apesar da pouca idade, o britânico ocupa atualmente a terceira colocação no campeonato da Fórmula 2 e venceu a última prova da categoria, em Barcelona. O desempenho vem chamando atenção não apenas pela performance, mas pela maturidade e consistência demonstradas diante de adversários mais experientes.

Arvid Lindblad é tratado como promessa na RBR - Foto: Malcolm Griffiths - Formula 1/via Getty Images
Arvid Lindblad é tratado como promessa na RBR – Foto: Formula 1/via Getty Images

Superlicença: um obstáculo burocrático

Para competir na F1, todo piloto precisa de uma superlicença emitida pela FIA, que exige a conquista de ao menos 40 pontos em categorias de base e um histórico de regularidade. Lindblad atingiu essa pontuação em fevereiro, após vencer a Fórmula Regional da Oceania. No entanto, por ter menos de 18 anos, o jovem precisa de uma autorização especial — assim como Andrea Kimi Antonelli, atual piloto da Mercedes, que recebeu o aval em 2024.

Desde a estreia precoce de Max Verstappen, então com 17 anos, em 2015, a FIA passou a adotar critérios mais rígidos para garantir que os pilotos tenham a maturidade necessária antes de ingressar na principal categoria do automobilismo mundial. Contudo, a entidade flexibilizou a regra no último ano, permitindo análises subjetivas nos casos de jovens talentos que demonstrem “habilidade e maturidade excepcionais”.

Logo da sede da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) - Foto: Philippe NANCHINO/MPSA
Logo da sede da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) – Foto: Philippe NANCHINO/MPSA

É nesse ponto que a discussão sobre Lindblad ganha força. A RBR, conhecida por investir agressivamente em sua academia de pilotos, defende que o britânico já reúne os pré-requisitos técnicos e psicológicos para pilotar na F1. A análise do pedido deve acontecer antes do GP do Canadá, marcado para o dia 15 de junho.

Alternativas da RBR e risco de Verstappen

Embora Lindblad não seja, a princípio, o nome mais cotado para substituir Verstappen de forma direta, ele pode ser acionado de forma indireta. Caso Isack Hadjar ou Liam Lawson, pilotos titulares da equipe satélite RB, sejam promovidos temporariamente à RBR, Lindblad pode ocupar uma das vagas deixadas na equipe secundária.

Além dos jovens talentos, o japonês Ayumu Iwasa, reserva oficial da Red Bull, também é uma possibilidade. Ainda assim, o fato de a equipe pleitear a superlicença para Lindblad mostra o valor que a RBR deposita no desenvolvimento precoce do piloto.

Ayumu Iwasa, reserva oficial da Red Bull, também é uma possibilidade - Foto: Sho Tamura/Red Bull Content Pool)
Ayumu Iwasa, reserva oficial da Red Bull, também é uma possibilidade – Foto: Sho Tamura/Red Bull Content Pool)

Verstappen, por sua vez, soma 11 pontos na carteira. Os últimos três foram adicionados após a colisão com George Russell no GP da Espanha, em que foi considerado culpado pela FIA. Dois desses pontos só expiram no final de junho, após o GP da Áustria. Até lá, o holandês precisa evitar qualquer nova infração sob risco de suspensão para o GP da Áustria (29 de junho) ou da Inglaterra (6 de julho).

Um prodígio precoce

Arvid Lindblad nasceu em 8 de agosto de 2007, no Reino Unido. De ascendência sueca e indiana, começou no motocross aos três anos e migrou para o kart aos cinco. Aos oito anos, já competia em campeonatos e, em 2020, sagrou-se campeão do WSK Super Master Series na categoria OK Junior, título que o colocou no radar da Red Bull Racing.

Depois de brilhar nos karts, Lindblad emendou uma sequência vitoriosa: conquistou a Euro Series e a Final Cup na categoria OK, e ainda foi terceiro colocado na Copa do Mundo de Kart de 2022. No mesmo ano, deu os primeiros passos nos carros de fórmula.

Na Fórmula 4 Italiana de 2023, terminou em terceiro lugar. No ano seguinte, foi promovido à Fórmula 3 e surpreendeu novamente: venceu quatro corridas e ficou na quarta posição do campeonato, com apenas 16 anos. O desempenho lhe garantiu a vaga na Campos Racing, equipe pela qual compete na F2 neste ano.

Arvid Lindblad no pódio de corrida da F4 Italiana - Foto: Divulgação
Arvid Lindblad no pódio de corrida da F4 Italiana – Foto: Divulgação

O piloto soma pontos com atuações firmes, ritmo constante e um estilo de pilotagem calculado, que contrasta com a impulsividade comum em jovens da sua idade. Esses fatores reforçam o argumento da RBR para que ele receba a autorização especial da FIA.

O que vem a seguir?

Caso a FIA aprove a concessão da superlicença, Lindblad poderá ser inscrito oficialmente como piloto reserva, o que significaria um passo gigantesco em sua trajetória. Mesmo que não corra no Canadá ou na Áustria, o simples fato de estar apto a disputar uma corrida de Fórmula 1 aos 17 anos já o coloca em um grupo raríssimo de talentos precoces.

A decisão da FIA será acompanhada de perto não apenas pela Red Bull, mas por toda a comunidade do automobilismo. O caso de Lindblad reabre o debate sobre a idade mínima na F1 e o equilíbrio entre talento bruto e responsabilidade emocional em um ambiente de pressão extrema.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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