Atualmente em Jacksonville, na Flórida, o ala Enrico Borio, de 19 anos, é o irmão mais velho de uma família que respira basquete. Comunicativo, determinado e dono de uma trajetória pioneira, foi o primeiro dos três irmãos a embarcar rumo aos Estados Unidos em busca de um sonho.
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Como relembra a mãe, Michelli, os meninos começaram no esporte pelo futebol. Com o tempo, o talento com a bola nas mãos falou mais alto, e surgiram as primeiras oportunidades no basquete. Em busca de desafios maiores, Enrico deixou Curitiba ainda adolescente para estudar e jogar no high school americano, uma decisão que mudaria os rumos da família.
Desbravador de caminhos
A adaptação não foi simples. O início longe da família foi marcado por dificuldades, mas desde o primeiro momento, Enrico foi muito bem recebido. No high school, defendeu a North Broward Prep, time composto por atletas de diferentes nacionalidades, o brasileiro logo encontrou espaço para mostrar seu valor.
Mais do que as barreiras fora de quadra, o maior impacto foi dentro dela. O ritmo acelerado do jogo e o nível de exigência física exigiram uma transformação completa. Enrico chegou precisando aprimorar tanto o físico quanto o arremesso, dois pontos que rapidamente se tornaram prioridades no seu desenvolvimento. Com dedicação e foco, transformou as limitações iniciais em qualidades que hoje se destacam em quadra.
A escolha certa
Durante o processo de recrutamento universitário, recebeu interesse de mais de 40 faculdades. Foram muitas conversas, análises e decisões, até que optou pelo Jacksonville, na Flórida. A identificação com o estilo de jogo da equipe, a confiança demonstrada pela comissão técnica e a possibilidade de ficar próximo da família foram determinantes.
“Me senti valorizado, senti que os técnicos confiavam em mim. E estar a poucas horas de casa também pesou muito.”
Vestindo a camisa 23 dos Jacksonville Dolphins, o ano de estreia no basquete universitário foi de altos e baixos. Começou enfrentando o nervosismo natural da nova etapa, mas aos poucos ganhou confiança, encontrou seu ritmo e viveu uma boa sequência de jogos. No entanto, uma lesão interrompeu o momento positivo e o afastou das quadras. Foram 13 jogos, com médias de 3,8 pontos, 1,8 rebotes com um aproveitamento de arremesso de 51,4% e 52,4% na linha de 3 pontos.
Em fase final de recuperação, os técnicos mantêm contato constante com ele e projetam um segundo ano com papel de maior protagonismo dentro da equipe. Enrico também acredita que, mantendo o ritmo de trabalho e evolução, chegar à NBA é possível, um objetivo que o motiva diariamente.
Seleção e futuro
Com passagens pelas seleções brasileiras de base, Enrico carrega no peito o orgulho de representar o país. Mais do que vestir a camisa verde e amarela, ele sonha em disputar uma Olimpíada e defender a seleção principal no futuro.
“Representar o Brasil é um dos meus maiores sonhos. Quero jogar uma Olimpíada, defender a seleção adulta. E, claro, chegar à NBA.”
Quando o assunto é draft, o brilho nos olhos é inevitável. Em casa, a torcida é para o Cleveland Cavaliers, mas se fosse para escolher por localização, ele não esconde a preferência: Miami, cidade pela qual tem grande carinho e onde se sente em casa na Flórida.
Exemplo em casa
Como irmão mais velho, Enrico sabe que seu caminho inspira Francesco e Luigi, que seguem seus passos nos Estados Unidos.
“Eu não tive ninguém próximo para me espelhar. Eles têm. Então o que eu mais digo para eles é: sejam consistentes. Trabalhem todos os dias, especialmente o arremesso. Isso muda tudo.”
Mesmo vivendo o sonho americano, ele sente falta do Brasil, principalmente da família e dos amigos. Curitiba segue sendo sua base afetiva e, se pudesse, levaria todos para perto dele nos Estados Unidos.
Com os pés no chão e o olhar voltado para o futuro, Enrico segue escrevendo sua própria história, uma que começou com um sonho em Curitiba e hoje mira o draft da NBA.