Endividamento do Corinthians atinge R$ 2,6 bilhões e relatório aponta déficit no trimestre

O Corinthians encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um endividamento total de R$ 2,6 bilhões, de acordo com relatório anexado ao processo do Regime Centralizado de Execuções (RCE). O documento foi elaborado pela administradora judicial responsável pelo caso, com base nas informações repassadas pelo próprio clube, e mostra que, apesar de o departamento de futebol ter obtido superávit de R$ 15,5 milhões no período, o resultado consolidado acabou negativo em R$ 16,4 milhões. A principal razão foi o desempenho deficitário do clube social e dos esportes amadores.

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Os dados reforçam a situação delicada da instituição, que já vinha sendo apontada em relatórios internos. Em abril, o Conselho Deliberativo reprovou as contas de 2024, primeiro ano da gestão de Augusto Melo, após o Conselho Fiscal identificar  um aumento expressivo no passivo. Segundo o parecer, houve acréscimo de cerca de R$ 600 milhões na dívida e um crescimento de R$ 829 milhões no passivo geral, o que levou o endividamento ao patamar de R$ 2,5 bilhões no fim do ano passado.

O relatório também indica que o índice de endividamento do Corinthians gira em torno de 120%, revelando o peso das obrigações financeiras sobre as receitas. O cenário pressiona o andamento do Regime Centralizado de Execuções, que concentra a cobrança e o pagamento de dívidas do clube sob supervisão da Justiça. Atualmente, o processo segue ativo, mas ainda aguarda homologação definitiva do juiz responsável. A proposta mais recente do Corinthians dentro do RCE é quitar R$ 367 milhões em até dez anos, utilizando 4% das receitas recorrentes. 

Outro ponto que agrava a crise é a falta de transparência por parte da diretoria.  Até agora, o último balancete publicado oficialmente pelo clube é de fevereiro de 2025, o que deixa sem detalhamento público os números mais recentes da tesouraria. A atual diretoria, liderada por Osmar Stabile — eleito presidente no fim de agosto após o impeachment de Augusto Melo — prometeu apresentar em breve tanto o balancete semestral quanto uma revisão orçamentária.

Na prática, o avanço de R$ 100 milhões entre dezembro de 2024 e março de 2025 mostra que a dívida não dá sinais de melhora. Enquanto o futebol, que concentra receitas de bilheteria, patrocínios e direitos de transmissão, tem conseguido operar com algum equilíbrio, o peso negativo das áreas sociais e de esportes amadores mina o resultado que uma vez era consolidado. A homologação do plano de pagamento no RCE, somada a uma gestão mais rígida das contas, será determinante para que o Corinthians consiga iniciar uma trajetória de ajuste.

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O endividamento recorde e a sequência de déficits se somam a um ambiente político turbulento. A rejeição das contas, os atrasos na prestação de informações financeiras e a troca de presidente em menos de um ano abalaram a confiança interna e externa no clube. Agora, a expectativa recai sobre a nova diretoria e sobre o aval da Justiça para o regime especial, que podem dar algum fôlego ao Corinthians, mas não eliminam a necessidade urgente de disciplina financeira.

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