A discussão sobre o uso do gramado sintético no futebol brasileiro ganhou novos capítulos nesta quinta-feira, 11 de dezembro de 2025. Palmeiras, Athletico-PR, Atlético-MG, Botafogo e Chapecoense divulgaram uma nota conjunta para defender a tecnologia e contestar a proposta protocolada pelo Flamengo na Confederação Brasileira de Futebol, que sugere a eliminação gradual do piso artificial das Séries A e B até 2027 e 2028.
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Os cinco clubes afirmam que o debate tem sido conduzido com distorções e sem considerar a realidade dos diferentes tipos de campos presentes no país. Segundo as equipes, o gramado artificial moderno é regulamentado, seguro e alinhado às práticas internacionais.
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Críticas do Flamengo e a proposta pela eliminação do sintético
O posicionamento dos clubes ocorre após declarações do presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, que criticou duramente os gramados sintéticos. Em entrevista durante o prêmio do Brasileirão, Bap afirmou que o futebol brasileiro não deveria aceitar esse tipo de campo e disse que clubes que buscam renda com shows deveriam atuar em outra área.
Além das falas, o Flamengo apresentou uma proposta à CBF pedindo padrões mínimos para gramados naturais e defendendo a transição completa do sintético para o natural até o fim de 2027 na Série A e 2028 na Série B. O clube cita estudos que indicariam possíveis riscos de lesões e menciona manifestações recentes de jogadores contrários ao piso artificial, entre eles Neymar.
Resposta dos clubes que utilizam o sintético
Na nota conjunta, Athletico-PR, Atlético-MG, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras afirmam que não existe padronização de gramados no Brasil, motivo pelo qual consideram injusto responsabilizar somente o piso sintético pela baixa qualidade de jogo em alguns estádios. Os clubes argumentam que gramados artificiais de alta performance superam muitos campos naturais mal conservados ainda encontrados no país.
Outro ponto destacado é a inexistência de estudos científicos conclusivos que relacionem o sintético moderno a um aumento no número de lesões em atletas profissionais. Para os clubes, o debate deve ser técnico e baseado em dados, sem narrativas distorcidas ou argumentos sustentados em rivalidades.
Leila Pereira volta a defender tecnologia e critica argumentos do Flamengo
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, tem sido uma das vozes mais ativas em defesa do gramado sintético. A dirigente afirma que não existe evidência científica contra o piso e acusa críticos de tratarem o tema de forma clubista. Ela também tem chamado atenção para problemas recorrentes no gramado do Maracanã, palco do Flamengo.
Expansão do uso do sintético na Série A em 2026
Em 2025, somente Atlético-MG, Botafogo e Palmeiras utilizaram gramado sintético na Série A. A partir de 2026, Athletico-PR e Chapecoense também utilizarão o piso artificial, elevando para 30 por cento o número de equipes da elite com esse tipo de gramado. O aumento deve intensificar ainda mais a discussão no ambiente político do futebol brasileiro.
Íntegra da nota divulgada por Athletico-PR, Atlético-MG, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras
“Diante das recentes declarações públicas sobre a utilização de gramados sintéticos no futebol brasileiro, Athletico Paranaense, Atlético, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras reafirmam sua posição em defesa dessa tecnologia, adotada de forma responsável, regulamentada e alinhada às melhores práticas internacionais. Em primeiro lugar, é imprescindível reconhecer que não existe padronização de gramados no Brasil. Ignorar esse fato e direcionar críticas exclusivamente aos gramados sintéticos reduz um debate complexo a uma narrativa simplificada, injusta e tecnicamente equivocada.
Também reiteramos que um gramado sintético de alta performance supera, em diversos aspectos, os campos naturais em más condições presentes em parte significativa dos estádios do país. É igualmente importante esclarecer que não há qualquer estudo científico conclusivo que comprove aumento de lesões provocado pelos gramados sintéticos modernos. O tema da qualidade dos gramados é legítimo, saudável e necessário. Porém, deve ser conduzido com responsabilidade, dados objetivos e conhecimento técnico, e não com narrativas que distorcem a realidade, desinformam o público e desconsideram a complexidade do assunto.”
Debate segue aberto para próximas decisões da CBF
Com o aumento do uso do sintético e a pressão por regulamentações mais rígidas, a CBF terá de avaliar os pedidos feitos pelos clubes e definir padrões técnicos para os diferentes tipos de gramado. A discussão sobre padronização deve ser um dos principais temas do calendário esportivo de 2026.









