Bolívia vence o Brasil na altitude e conquista vaga na repescagem da Copa do Mundo de 2026

A Seleção Brasileira encerrou sua participação nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026 de forma melancólica. Na noite desta terça-feira (9), o time comandado por Carlo Ancelotti perdeu por 1 a 0 para a Bolívia, em El Alto, a mais de 4 mil metros de altitude, resultado que consolidou a pior campanha da história do Brasil em qualificatórios. Do outro lado, a festa foi toda boliviana: com a vitória, a seleção da casa chegou aos 20 pontos, ultrapassou a Venezuela e assegurou a sétima colocação, garantindo vaga na repescagem mundial.

O gol que mudou a história da partida saiu ainda no primeiro tempo, com o jovem Miguelito, jogador revelado pelo Santos e atualmente no América-MG. O meia-atacante chamou a responsabilidade aos 45 minutos da etapa inicial e converteu o pênalti marcado após falta de Bruno Guimarães em Roberto. Frio, preciso e confiante, o garoto de apenas 20 anos se tornou símbolo da nova geração boliviana e protagonista de uma noite histórica para o futebol do país.

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Primeira etapa: domínio boliviano e pressão constante

Desde o apito inicial, a Bolívia deixou claro que não iria apenas cumprir tabela. Empurrado pela torcida em El Alto e beneficiado pelas condições da altitude, o time da casa impôs um ritmo forte, finalizando de longa distância sempre que possível. Foram 13 finalizações apenas nos primeiros 45 minutos, muitas delas partindo dos pés de Miguelito, que centralizou o jogo e incomodou constantemente a defesa brasileira.

A Seleção Brasileira, por sua vez, mostrou enorme dificuldade para se adaptar. Lenta, sem intensidade e pouco criativa, a equipe de Ancelotti conseguiu apenas três finalizações em toda a primeira etapa, com uma chance real de perigo. O gol de Miguelito coroou a superioridade boliviana e escancarou as dificuldades que o Brasil enfrentava na altitude.

Segundo tempo: reação tímida e pouca inspiração

No retorno do intervalo, o Brasil até ensaiou uma mudança de postura, mas logo se viu novamente travado pela falta de fôlego e pela boa organização defensiva dos bolivianos. Ancelotti tentou agitar o time com quatro mudanças simultâneas, colocando João Pedro, Estêvão, Raphinha e Marquinhos. O volume de jogo aumentou, a Seleção passou a rondar mais a área adversária, mas ainda sem criar lances claros de gol.

A Bolívia, mais cautelosa, apostou nos contra-ataques. Miguelito continuou sendo a referência e quase marcou o segundo, assim como Algarañaz, que parou em boa defesa de Ederson. Com o passar dos minutos, a ansiedade tomou conta dos dois lados: os brasileiros não conseguiam reagir, e os bolivianos, já sonhando com a classificação, seguravam o resultado como quem defendia uma final.

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Quando o árbitro apitou o fim, os jogadores da Bolívia desabaram no gramado, muitos chorando, outros se abraçando, em uma cena que retratava a dimensão histórica da conquista. O estádio virou uma festa, e o sonho de voltar a uma Copa do Mundo, algo que não acontece desde 1994, segue vivo para os bolivianos.

Declaração de Raphinha

Após o apito final, o atacante Raphinha foi um dos primeiros a falar ainda à beira do gramado. Em entrevista à TV Globo, o jogador reconheceu as dificuldades da campanha, mas destacou que o objetivo foi alcançado:

“Tivemos dificuldades, principalmente no começo da competição. Ganhamos os dois primeiros jogos, mas o objetivo principal era classificar a Seleção para a Copa. Alcançamos o objetivo e agora é trabalhar para chegarmos bem na Copa”.

Na sequência, o camisa 11 não deixou de criticar as condições em que o jogo foi disputado, apontando a altitude como um fator determinante no desempenho:

“A partir do momento que te colocam para jogar a 4 mil metros de altitude para ganhar o jogo desfavorece as outras seleções. O jogo estava equilibrado, o árbitro achou um pênalti no primeiro tempo”.

A fala de Raphinha expôs tanto a frustração pelo desempenho da equipe quanto a visão crítica em relação ao ambiente hostil de El Alto, considerado por muitos como um dos maiores desafios do futebol sul-americano.

Brasil decepciona e fecha Eliminatórias em baixa

Já garantido no Mundial, o Brasil entrou em campo sem grande pressão pelo resultado, mas a derrota expôs novamente os problemas da equipe. A Seleção terminou em quinto lugar, com 28 pontos em 54 possíveis, somando oito vitórias, quatro empates e seis derrotas. Trata-se da pior campanha brasileira na história das Eliminatórias, marca que levanta questionamentos sobre o desempenho da equipe e o trabalho de Carlo Ancelotti.

A falta de intensidade, as dificuldades de criação e a pouca efetividade no ataque foram alguns dos pontos mais criticados ao longo da campanha. Mesmo com jogadores de destaque no cenário europeu, o Brasil não conseguiu traduzir em campo a força que se espera de uma das maiores potências do futebol mundial.

Próximos passos

Agora, a Seleção volta suas atenções para a preparação final rumo à Copa do Mundo de 2026. Em outubro, o Brasil fará dois amistosos na Ásia: contra a Coreia do Sul, no dia 10, e diante do Japão, no dia 14. Serão testes importantes para que Ancelotti ajuste a equipe, busque soluções para os problemas apresentados e recupere a confiança antes da competição mais importante do planeta.

Se para a Bolívia o jogo desta terça-feira ficará marcado como uma noite épica, para o Brasil servirá de alerta. A derrota não muda o fato de que a classificação já estava assegurada, mas deixa no ar a sensação de que muito precisa ser corrigido se a Seleção quiser realmente sonhar com o hexacampeonato no ano que vem.

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