Confusão, acusações de golpe, polícia no clube e uma batalha jurídica pela cadeira mais poderosa do Corinthians: o Parque São Jorge virou palco de um novo capítulo dramático na crise institucional que toma conta do clube.
A conselheira Maria Angela de Souza Ocampos, aliada do ex-presidente Augusto Melo, declarou neste sábado (31) que assumiu interinamente a presidência do Conselho Deliberativo do Corinthians e, de cara, anulou todos os atos assinados por Romeu Tuma Júnior desde o dia 9 de abril incluindo o impeachment que afastou Augusto da presidência do clube na última segunda-feira.
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A justificativa? Segundo Maria Angela, o afastamento de Tuma Júnior da presidência do Conselho já havia sido decidido pela Comissão de Ética naquela mesma data, embora só tenha sido oficializado nesta sexta-feira, em ofício encaminhado pelo conselheiro Mário Mello, relator do caso.
Com isso, o efeito dominó foi imediato: tudo que foi feito sob comando de Tuma desde então estaria, na visão da nova presidente interina do Conselho, automaticamente anulado. E o principal “ato anulado” seria justamente a votação que tirou Augusto Melo da presidência o que, na prática, recolocaria o cartola no cargo.
Em documento oficial, Maria Angela afirma:
“Determino a suspensão dos efeitos de todos os atos irregularmente praticados pelo senhor Romeu Tuma Júnior desde 9 de abril, inclusive a decisão do plenário do dia 26 de maio que afastou o senhor Augusto Melo da presidência”.
Ela ainda ordena o retorno imediato de Augusto ao comando do clube, afirmando que qualquer julgamento só pode acontecer após o fim do inquérito policial em andamento, e numa sessão com conselheiros aptos a deliberar de forma estatutária.
Maria Angela chegou ao cargo por ser a 1ª secretária do Conselho, já que o vice-presidente, Roberson de Medeiros, está em licença médica.
Polícia no Parque e “golpe de quinta categoria”
Com o papel na mão e aliados ao lado, Augusto Melo tentou retomar a presidência ainda na tarde deste sábado. O presidente em exercício, Osmar Stabile, se recusou a deixar a sala da presidência, gerando tensão e correria nos bastidores do Parque São Jorge. A Polícia Militar precisou ser chamada e está neste momento no local.
Romeu Tuma Júnior, por sua vez, não reconhece a legitimidade do movimento e reagiu com indignação:
“É uma tentativa de golpe institucional perpetrada por um ex-presidente afastado por um processo legítimo e convalidado pela Justiça. Lamento profundamente que ele continue manchando a história centenária do Corinthians. Golpistas não passarão!”
Tuma alega nunca ter sido notificado oficialmente de seu afastamento e levanta suspeitas sobre a ausência de documentos no clube:
“Pedi para acessar os processos contra mim na Comissão de Ética e… sumiram! Não estão no clube!”
O que está em jogo?
A votação que afastou Augusto Melo do cargo teve 176 votos a favor e 57 contra. Porém, para que o impeachment se concretize de forma definitiva, ainda é necessária a realização de uma nova assembleia com os associados do clube, marcada para o dia 9 de agosto.
No entanto, se prevalecer o entendimento de Maria Angela e dos aliados de Augusto, essa assembleia nem sequer deveria acontecer já que o impeachment estaria nulo.
E agora?
O Corinthians vive, neste momento, um vácuo de poder. São dois grupos brigando para ditar as regras, duas versões opostas da legalidade em conflito, e um clube histórico sendo arrastado para o centro de uma guerra política que parece longe do fim.
A dúvida que paira sobre o Parque São Jorge neste sábado é simples e brutal: Afinal, quem é o presidente do Corinthians?