A coletiva de Carlo Ancelotti para sua primeira convocação à frente da Seleção Brasileira, nesta segunda-feira, trouxe à tona um tema sensível e recorrente no cenário do futebol nacional: a gestão dos grandes talentos, em especial a figura de Neymar. O treinador italiano não hesitou em abordar a ausência do camisa 10 na lista, mas fez questão de reafirmar a importância do craque para a equipe, ao mesmo tempo em que sinalizou uma abordagem focada na força do grupo.
Ancelotti foi bastante transparente ao explicar a decisão de não convocar Neymar neste momento.
“Como eu disse, nesta convocação eu tentei selecionar jogadores que estão bem. Neymar teve uma lesão há pouco tempo”, declarou.
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A fala do técnico aponta para a necessidade de um Neymar em plenas condições físicas e técnicas, especialmente pensando no objetivo maior da Seleção: a Copa do Mundo. A prioridade, neste início de trabalho, é garantir que os atletas convocados estejam aptos a contribuir imediatamente.
“Todos sabem que Neymar é um jogador muito importante, sempre foi e sempre será. Logicamente, infelizmente, atualmente temos muitos jogadores que sofrem lesões e que não podem estar na seleção, como Neymar, que passou por uma seleção”, complementou Ancelotti, demonstrando empatia com a situação do atleta.
Ainda sobre Neymar, Ancelotti revelou um diálogo direto e franco com o jogador, o que reforça a transparência e a preocupação do treinador em ter todos os atletas alinhados com o projeto da Seleção.
“O que eu quero dizer é que o Brasil tem muitos jogadores talentosos e logicamente, no caso específico de Neymar, contamos com ele. É a seleção nacional. O Brasil conta com ele. Ele voltou ao Brasil para jogar para se preparar bem para o Mundial. Eu falei com ele nesta manhã para explicar a ele isso e ele está totalmente de acordo. Nós assim continuamos”, detalhou o treinador.
Essa conversa, antes mesmo da convocação, é um indicativo da postura de Ancelotti em estabelecer uma comunicação clara e direta com seus atletas, construindo um ambiente de confiança e cooperação. A mensagem é sutil, mas poderosa: a Seleção precisa do seu talento, mas também do seu compromisso com a recuperação e a preparação para o desafio mundial.
Contudo, a visão de Ancelotti vai além do brilho individual. Ele enfatizou que o Brasil possui uma riqueza inesgotável de jogadores, e a força do grupo deve prevalecer acima de qualquer individualidade. “O Brasil tem muitos jogadores talentosos”, reiterou. Essa perspectiva sugere que, embora Neymar seja fundamental, a construção de um coletivo forte e coeso é a prioridade, com todos os atletas contribuindo para um objetivo comum. Ninguém é insubstituível, e a competitividade interna será um fator para a busca da excelência.
Essa abordagem no coletivo também se reflete na valorização de jogadores com experiência e liderança, como a convocação de Casemiro. Ancelotti rasgou elogios ao volante, destacando não apenas sua qualidade técnica, mas também seu “carisma, personalidade, talento”. Para o treinador, a Seleção precisa de atletas que, além de bola, tragam “atitude, compromisso, sacrifício”.
Essa é a receita de Ancelotti para resgatar o espírito vencedor do Brasil, unindo o talento inato dos brasileiros à mentalidade de trabalho e entrega.
“Eu acho que a seleção precisa desse tipo de jogador, que tem carisma, personalidade, talento. Como eu disse, o Brasil sempre teve muito talento. No futebol moderno, é preciso acrescentar atitude, compromisso, sacrifício, e isso o Casemiro tem. E muitos dos que foram convocados têm isso”, explicou o treinador.
Ancelotti vê Casemiro como um exemplo da combinação perfeita entre experiência e entrega, um pilar fundamental para a Seleção. Ele inclusive mencionou a importância da mescla entre jovens e experientes.
“O Estevão pode ajudar o Casemiro com o seu entusiasmo. O Casemiro pode ajudar o Estevão na atitude, no compromisso. Sempre é uma questão de conexão”, disse o técnico.
Essa interconexão, onde a energia da juventude se une à sabedoria e liderança dos veteranos, é a base da construção de um time equilibrado e vitorioso, na visão do técnico. A gestão de Ancelotti promete ser um equilíbrio delicado entre a genialidade individual e a coesão do grupo, com o foco em um time que saiba se sacrificar pelo outro e que, coletivamente, seja maior do que a soma de suas partes. A aposta é em um Brasil que, mesmo com grandes estrelas, jogue como um time.