A prévia da inflação oficial do país recuou 0,14% em agosto, informou, nesta terça-feira (26), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado marca a primeira deflação desde julho de 2023 e também o menor índice desde setembro de 2022 (-0,37%).
LEIA TAMBÉM: Aumento de 25% na quantidade de famílias que moram de aluguel no Brasil
Apesar da queda, o número ficou acima da expectativa do mercado, que projetava recuo entre 0,21% e 0,23%. No acumulado de 2025, o IPCA-15 soma alta de 3,26% e, em 12 meses, 4,95%, abaixo dos 5,30% registrados no período anterior.
A redução foi puxada, sobretudo, pelo grupo Habitação, que caiu 1,13% em agosto após alta de 0,98% no mês anterior. O destaque ficou para a energia elétrica residencial, com queda de 4,93%, impacto de -0,20 ponto percentual no índice geral.
Segundo o IBGE, a retração está ligada ao repasse do Bônus de Itaipu, mesmo em meio à cobrança da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Outros itens do grupo também tiveram variações relevantes: a taxa de água e esgoto subiu 0,29%, influenciada por reajustes regionais, enquanto o gás encanado avançou 0,17%, com altas em Curitiba e queda no Rio de Janeiro.
O grupo Alimentação e bebidas recuou 0,53% em agosto, terceira queda consecutiva. No consumo em domicílio, a deflação foi ainda mais intensa (-1,02%), com quedas expressivas da manga (-20,99%), batata-inglesa (-18,77%), cebola (-13,83%), tomate (-7,71%) e arroz (-3,12%). As carnes também recuaram (-0,94%).

Por outro lado, a alimentação fora de casa avançou 0,71%, impulsionada pelo lanche (1,44%) e pela refeição (0,40%).
O grupo Transportes recuou 0,47% em agosto, após alta de 0,67% em julho. O resultado foi influenciado pela queda nas passagens aéreas (-2,59%), nos automóveis novos (-1,32%) e na gasolina (-1,14%).
Entre os combustíveis, houve retração também no etanol (-1,98%), no gás veicular (-0,25%) e no diesel (-0,20%).
Enquanto alguns setores ajudaram a reduzir o índice, outros pressionaram para cima. O grupo Despesas pessoais acelerou para 1,09% em agosto, puxado por serviços de cabeleireiro e manicure. Já Saúde e cuidados pessoais subiu 0,64%, com destaque para produtos de higiene (1,07%) e planos de saúde (0,51%).
Na Educação, houve alta de 0,78%, refletindo reajustes em cursos regulares, sobretudo no ensino superior (1,24%).
Entre as áreas pesquisadas, São Paulo foi a única com resultado positivo (0,13%), devido às altas em cursos regulares e itens de higiene. Já Belém teve a maior deflação (-0,61%), influenciada pela queda nos preços da energia elétrica (-6,47%) e da gasolina (-2,75%).
Apesar da desaceleração, o índice de 12 meses (4,95%) ainda está acima da meta oficial de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional. Em julho, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, chegou a enviar uma carta ao Ministério da Fazenda justificando o estouro do teto da meta.