A Americanas, gigante do varejo em processo de recuperação judicial, divulgou um balanço financeiro preocupante nesta quarta-feira (14), revelando um prejuízo líquido de R$ 496 milhões no primeiro trimestre de 2025. O resultado negativo contrasta com o lucro de R$ 453 milhões registrado no mesmo período do ano anterior, evidenciando os desafios persistentes enfrentados pela companhia após o escândalo contábil que a abalou.
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O prejuízo reportado pela Americanas no primeiro trimestre deste ano foi impactado, segundo a própria empresa, pela contabilização de R$ 1,3 bilhão em outras receitas, provenientes da execução de seu plano de recuperação judicial. Apesar dessa receita extraordinária, o resultado final ficou no vermelho, demonstrando a fragilidade operacional da varejista.
A receita líquida consolidada da Americanas também apresentou um recuo significativo, atingindo R$ 3,1 bilhões entre janeiro e março de 2025. Essa cifra representa uma queda de 17,4% em comparação com o primeiro trimestre de 2024. A empresa justificou essa retração mencionando o “descasamento do evento da Páscoa”, que neste ano ocorreu no segundo trimestre, impactando as vendas do período analisado.
Outro indicador que reforça o cenário desafiador da Americanas é o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que ficou negativo em R$ 20 milhões no primeiro trimestre de 2025. Em comparação, no mesmo período do ano anterior, o Ebitda ajustado havia sido positivo em R$ 243 milhões.
A dívida bruta da companhia também permanece em patamares elevados, totalizando R$ 1,8 bilhão ao final de março de 2025, o que adiciona pressão sobre a sua situação financeira.
Relembrando o escândalo da Americanas
A crise da Americanas teve seu marco inicial em 11 de janeiro de 2023, quando a empresa revelou “inconsistências contábeis” bilionárias, estimadas inicialmente em cerca de R$ 20 bilhões. O caso, considerado o maior escândalo corporativo da história do Brasil, desencadeou uma série de eventos que culminaram no pedido de recuperação judicial da varejista.
Em abril de 2025, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 13 ex-executivos e ex-funcionários da Americanas por supostas fraudes na companhia, cujo prejuízo atual é estimado em cerca de R$ 25 bilhões. A denúncia ocorreu após a Polícia Federal (PF) indiciar os envolvidos por crimes como associação criminosa, falsidade ideológica e manipulação de mercado. Entre os denunciados, estão nomes como o ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez e a ex-CEO da B2W Anna Saicali. Os acionistas de referência da empresa não foram incluídos na denúncia.
O prejuízo de quase R$ 500 milhões no primeiro trimestre de 2025 reforça o longo e árduo caminho que a Americanas ainda precisa percorrer para se recuperar da crise desencadeada pelo escândalo contábil. Apesar do plano de recuperação judicial em andamento, os resultados financeiros demonstram a persistência dos desafios operacionais e financeiros, mantendo a gigante do varejo em uma situação delicada.