Em 2024, o setor elétrico brasileiro enfrentou perdas não técnicas, conhecidas como “gatos”, que resultaram em um prejuízo estimado de R$ 10,3 bilhões, conforme relatório divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em junho de 2025. Essas perdas são causadas principalmente por furtos de energia, fraudes e falhas operacionais, como ligações clandestinas e adulterações em medidores.
Duas distribuidoras se destacam nesse cenário: a Light, no Rio de Janeiro, e a Amazonas Energia, no Amazonas, que juntas representam 34,1% do total das perdas não técnicas no país. As dez distribuidoras com maiores montantes de perdas concentram 74% do total nacional. Essas irregularidades ocorrem principalmente no mercado de baixa tensão, onde o controle é mais difícil.
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Apesar de a Aneel não aplicar penalidades diretas quando as metas regulatórias de redução de perdas não são atingidas, ela limita o repasse desses valores às tarifas pagas pelos consumidores. Isso significa que a concessionária que não consegue controlar as perdas absorve parte do prejuízo, funcionando como um incentivo econômico para investir em medidas de combate.
No entanto, os consumidores regulares ainda acabam arcando com parte da conta, pois os níveis considerados “eficientes” de perdas são incorporados às tarifas. Em 2024, esse reconhecimento regulatório representou R$ 7,1 bilhões, equivalente a 2,85% da receita requerida das distribuidoras e cerca de 9,2% da chamada “Parcela B”, que cobre os custos operacionais das empresas.
O furto de energia elétrica é considerado crime no Brasil, conforme os artigos 155 e 171 do Código Penal, e pode resultar em pena de reclusão de um a quatro anos. Além disso, representa um risco à segurança pública, pois pode causar acidentes como choques elétricos e incêndios, além de sobrecarregar a rede elétrica e aumentar o risco de quedas de energia.
Para combater esse problema, é fundamental a implementação de tecnologias de medição inteligente, como os Sistemas de Medição Centralizada (SMC), que permitem o monitoramento remoto do consumo de energia e a identificação de irregularidades. A adoção desses sistemas pode contribuir para a redução das perdas não técnicas e para a melhoria da eficiência do setor elétrico.
Em resumo, os “gatos” de energia representam um desafio significativo para o setor elétrico brasileiro, impactando financeiramente as distribuidoras e os consumidores, além de representar riscos à segurança pública. É necessário um esforço conjunto entre as autoridades, as concessionárias e a sociedade para combater esse problema e garantir a sustentabilidade do fornecimento de energia no país.