Símbolo da luta estudantil, Edson Luís pode entrar no Livro dos Heróis do Estado do Rio de Janeiro

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) está próxima de aprovar um projeto de lei que reconhece Edson Luís de Lima Souto como Herói do Estado. O estudante secundarista, morto aos 18 anos por tiros da Polícia Militar durante um protesto por melhorias no restaurante Calabouço, em 28 de março de 1968, tornou-se um dos primeiros mártires do regime militar e símbolo da resistência estudantil.

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A proposta prevê a inclusão de Edson Luís no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro, espaço criado para homenagear personalidades que contribuíram para a história, a justiça social e os direitos humanos. O projeto é de autoria coletiva de parlamentares ligados à Comissão de Direitos Humanos da Casa e ganhou força nos últimos meses, em meio ao debate sobre a valorização da memória histórica como forma de enfrentamento ao negacionismo.

“O assassinato de Edson Luís escancarou a violência do regime contra os jovens. Reconhecer sua luta é reafirmar nosso compromisso com a democracia e com o direito à livre manifestação”, disse a deputada estadual Renata Souza (PSOL), uma das signatárias da proposta.

A morte de Edson, ocorrida em pleno restaurante estudantil, gerou uma comoção nacional. O velório, realizado na Assembleia Legislativa com o caixão aberto, arrastou milhares de pessoas às ruas e foi o estopim para uma série de manifestações que culminariam, meses depois, na Passeata dos Cem Mil, no centro do Rio.

foto : Acervo da Biblioteca Nacional

Para historiadores e militantes de direitos humanos, a iniciativa da Alerj é fundamental não apenas como reparação simbólica, mas como parte de uma política de memória necessária para evitar retrocessos.

“Heróis como Edson Luís não usaram armas, usaram a palavra, o protesto pacífico e a esperança. Esquecê-los é abrir espaço para que as violações se repitam”, afirma o professor e pesquisador João Roberto Silva, especialista em ditadura e juventudes.

O projeto ainda precisa passar por votação em plenário, mas já conta com apoio da maioria dos parlamentares. Sendo aprovado, Edson Luís se juntará a nomes como Zuzu Angel, Stuart Angel e Marielle Franco, já inscritos no Livro.

Caso a homenagem seja confirmada, será mais do que um ato institucional: será o reconhecimento de uma juventude que ousou sonhar em tempos sombrios e que, mesmo diante da repressão, nunca deixou de lutar por um país mais justo e democrático. Que o nome de Edson Luís permaneça como semente de resistência e farol para as novas gerações.

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