O país perdeu nesta segunda-feira (27) um de seus grandes nomes da advocacia. Sérgio Bermudes, advogado, professor e defensor incansável da democracia, faleceu aos 79 anos, no Rio de Janeiro, deixando um legado marcado pela coragem jurídica e pela luta durante a ditadura militar.
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Durante os anos de chumbo da ditadura militar, Bermudes atuou em casos emblemáticos que desafiaram o silêncio imposto pela repressão. Foi um dos advogados responsáveis por representar Clarice Herzog no processo que responsabilizou o Estado brasileiro pela morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado sob tortura nas dependências do DOI-CODI de São Paulo em 1975.
O caso tornou-se um marco histórico na justiça brasileira, reconhecendo oficialmente a prática de tortura como instrumento de Estado. Além do caso Herzog, Bermudes também se engajou na busca por verdade e reparação em outros processos de desaparecidos políticos, como o de Rubens Paiva, ex-deputado cassado e morto pela repressão.
Sua atuação representava não apenas uma defesa jurídica, mas um ato político em defesa da memória e dos direitos humanos em um tempo em que a verdade ainda era crime.
Formado em Direito pela antiga Universidade do Estado da Guanabara e doutor pela USP, Bermudes conciliou a advocacia com a docência. Foi professor da PUC-Rio e formou gerações de juristas comprometidos com o Estado Democrático de Direito.
Fundador de um dos maiores escritórios do país, ele nunca se afastou de causas públicas, sendo reconhecido por sua postura ética e pela firme defesa da Constituição.
Com sua partida, o Brasil perde um jurista que entendeu o Direito como ferramenta de justiça social e instrumento de memória. Em tempos de revisionismo histórico, seu nome ecoa como símbolo da resistência civil e da coragem intelectual de quem ousou enfrentar o poder em nome da verdade.









