Na última terça-feira (17), o palco Petrobras da Feira do Livro de São Paulo 2025 recebeu a mesa “Novas Páginas”, com a presença de duas vozes potentes na atual geração literária brasileira: Lavínia Rocha, escritora, professora e criadora da Pedagogia do Entusiasmo, e Andressa Marques, romancista e doutora em literatura. Em uma conversa fluida e provocativa, elas discutiram a potência da literatura como ferramenta de transformação e os desafios de uma educação antirracista nas escolas brasileiras.
“Poder levar a educação básica para grandes eventos, para pessoas que nem sempre estão conectadas com a educação básica (…).Trazer a importância, o quanto é importante, falar sobre questões antirracistas, falar sobre literatura para crianças e ir construindo esse mundo para o futuro”, comenta Lavínia.
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Lavínia Rocha é mineira de Belo Horizonte e acumula mais de 17 livros publicados, além de ser a criadora da chamada Pedagogia do Entusiasmo. A escritora vem se tornando referência nacional em metodologias ativas e engajadas no ensino. Em 2022, foi eleita a professora mais criativa do país no prêmio Perestroika.
Durante a conversa, as autoras compartilharam suas trajetórias pessoais e profissionais, tecendo pontes entre literatura, sala de aula e experiências de vida. O debate girou em torno de como formar leitores críticos e conscientes em um país desigual e da importância de uma educação antirracista que não seja apenas temática, mas estruturante.
Após a mesa, conversamos com as autoras sobre os impactos da conversa e a recepção do público.
“Eu sou uma escritora que também poderia imaginar um outro cenário, um outro mundo, outras pessoas, que eram justamente essas pessoas que iam compor essa lacuna dessa família desconhecida.”, afirmou Andressa Marques, em entrevista após o debate.
Andressa, nascida em Taguatinga (DF), participou da mesa com seu romance de estreia, “A Construção”, vencedor do concurso Toca Literária.

“Parece que quando eu cheguei para escrever meu livro, eu já tinha passado por uma reflexão de professor, eu já tinha feito pesquisa, já tinha trabalhado com arquivo. E eu tinha recebido essa grande história”. Sua obra. De estreia retrata a trajetória de Jordana, jovem cotista da Universidade de Brasília, e entrelaça memória, identidade e desigualdade social com lirismo.
Lavínia complementou:
“A sala de aula influencia muito a minha escrita, é uma conversa com um aluno que surge uma história, é uma situação que eu tô vendo ali que eu, enquanto professora, eu vejo o quanto a literatura impacta, porque a gente tá falando de literatura, a gente tá falando de empatia, né?(…) um aluno lê um texto falando sobre um personagem que vive tal questão, ele se coloca naquele lugar, por mais que não seja a vivência dele, ele tá se colocando naquele lugar.”
A mesa “Novas Páginas” trouxe à tona não só a importância de ocupar o espaço literário com vozes diversas, mas também o papel transformador da escuta, da leitura e da escrita no cotidiano escolar. Ao partilharem suas histórias, Lavínia Rocha e Andressa Marques abriram caminho para que outras tantas também sejam contadas — dentro e fora da sala de aula.