Me impressiono ao recordar a humildade na fala deste baiano do sertão de Piritiba. Certo sábado de manhã, me concedeu uma entrevista para o programa “Plunct Plact Zum”, da rádio UFSCAR.
Conversamos por longos minutos, enquanto ele tomava uma cerveja ao som das ondas do mar em seu apartamento em Salvador. Me convidou para me hospedar lá. Nem nos conhecíamos. Comentou que vinha fazendo diversos shows pelo interior da Bahia e de sua amizade com Zé Geraldo. Realmente, um cara muito simples e com uma prosa muito agradável!
LEIA TAMBÉM: Entrevista Inédita: Wilson Aragão, o compositor de Capim Guiné
Isto foi há exatos dois anos atrás. Semana passada enviei uma mensagem para ele, pois queria lhe enviar um livro. Respondeu que estava muito doente.
Fico sabendo hoje, pelo Instagram, que no sábado, 24 de maio de 2025, Salvador se despediu de Wilson Aragão, cantor, compositor e poeta baiano, aos 75 anos. Ele lutava contra um câncer no fígado e estava hospitalizado no Hospital Aristides Maltez, onde, infelizmente, não resistiu às complicações da doença.
Nascido em Piritiba, na Chapada Diamantina, Wilson se destacou na música nordestina por celebrar a cultura sertaneja e a vida do homem do campo em suas canções. Ainda jovem, começou a cantar em corais da igreja e da escola. Após a separação dos pais, mudou-se para São Paulo, onde deu início à sua carreira musical.
Sua canção “Capim Guiné”, que ganhou fama na voz de Raul Seixas em 1983, no “álbum azul” de Raul, impulsionou sua carreira em todo o país. Sempre participava nos encontros raulseixistas ao lado de Vivi Seixas, Sylvio Passos, dentre outros. Músicas que valem a pena ser ouvidas, dentre tantas outras de Wilson, incluem “Guerra de Facão” e “Cuide bem da sua estrada”, em parceria com Zé Geraldo.
O velório foi realizado no domingo, 25 de maio, na Câmara de Vereadores de Piritiba, e o enterro aconteceu às 16h no cemitério da cidade. A prefeitura expressou sua tristeza pela perda e reconheceu a importância do legado deixado pelo artista.
Wilson Aragão deixa esposa e três filhos. Sua obra permanece como uma importante referência na música nordestina, valorizando as raízes regionais e culturais no sertão baiano.