A Cia. de Ballet Dalal Achcar volta aos palcos com um espetáculo marcante na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, apresentando uma coreografia inédita desenvolvida a partir de uma trilha composta por Tom Jobim há mais de seis décadas. A obra, guardada por anos e nunca antes montada como balé, ganha vida agora em uma encenação que celebra tanto a música quanto a longa amizade entre Jobim e a coreógrafa.
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O espetáculo, dividido em dois atos, marca também o retorno de Dalal Achcar à criação coreográfica após mais de vinte anos dedicados principalmente à direção e formação de bailarinos. A montagem é assinada por ela em parceria com Éric Frédéric, que atua como diretor musical e coreógrafo da companhia. Ao todo, 21 bailarinos dão forma às atmosferas sugeridas pelas composições, acompanhados por orquestra sinfônica em arranjos que revisitam harmonias clássicas da música brasileira.
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A trilha combina melodias emblemáticas de Tom Jobim com influências de capoeira, ritmos baianos e elementos sinfônicos, criando um ambiente sonoro que dialoga diretamente com a dança. O repertório ainda traz releituras de autores como Baden Powell, Dorival Caymmi e Pixinguinha, compondo um panorama musical que reforça a identidade brasileira da obra.
No primeiro ato, o público é transportado à Ipanema dos anos 1960, época efervescente da bossa nova e do convívio criativo entre Jobim, Vinicius de Moraes e a própria Dalal. Já o segundo ato se desloca para Salvador, no tradicional bairro Água de Meninos, evocando uma cultura de feira, movimento e poesia popular. Para Dalal, reconstruir esses cenários é também resgatar memórias afetivas e traduzir em dança a essência da música brasileira.
Com esta nova produção, a companhia reafirma seu papel na preservação e reinvenção da dança nacional, transformando em espetáculo uma trilha que permaneceu anos à espera de ganhar os palcos. O balé representa não apenas um retorno artístico, mas um diálogo entre gerações e linguagens, aproximando o público contemporâneo da obra atemporal de Tom Jobim.









