Rio de Leitura: 740 mil pessoas estiveram na Bienal do Livro 2025 na capital carioca

Entre os dias 13 e 22 de junho, milhares de pessoas passaram pelo Riocentro durante a Bienal do Livro Rio 2025. No sábado (21), durante a coletiva de encerramento, os organizadores divulgaram números impressionantes: o público cresceu 23% em relação a 2023. Curiosamente, as vendas também tiveram alta de 23%, totalizando 6,8 milhões de livros vendidos por mais de 700 editoras.

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Em maio, o Portal Ponto 360 já havia destacado, na reportagem “Clubes do Livro e Geração Z: o renascimento do hábito de ler”, o crescente interesse dos jovens pela leitura — fenômeno que se reflete diretamente nos números da Bienal. Só entre estudantes de escolas públicas, foram mais de 130 mil visitantes. A influência das redes sociais, especialmente de comunidades como o BookTok, também foi tema da matéria e se confirmou na prática: a presença massiva de jovens leitores e criadores de conteúdo foi um dos marcos desta edição.

Rio de Leitura impulsiona o mercado editorial e derruba previsões

Apesar da queda geral no mercado editorial em 2024, esta edição da Bienal no Rio — assim como a Bienal de São Paulo em 2024 — mostrou que eventos presenciais têm papel essencial na reativação do setor e no fortalecimento do interesse pela leitura.

Bienal do Livro - Foto: Richard Souza/AN
Foto: Richard Souza/AN

De acordo com dados divulgados por editoras presentes, o crescimento nas vendas variou entre 42% e 70%, dependendo da editora. A Sextante, por exemplo, registrou um aumento de 70% no faturamento em relação à última edição. Já editoras como Intrínseca, Record e Globo Livros apresentaram crescimentos entre 50% e 63% só nos primeiros dias de evento.

Até mesmo editoras independentes, como DarkSide, Grupo Elo e Cortez, celebraram recordes de público e vendas, impulsionadas pela diversidade de gêneros em alta, como terror, literatura infantojuvenil e romantasia — categoria que mistura fantasia com romances apaixonantes como eixo central da trama.

Esses números ganham ainda mais peso quando lembramos que, neste ano, o Rio de Janeiro foi eleito Capital Mundial do Livro pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) — uma chancela que reforça o simbolismo e o impacto cultural do evento.

No sábado tivemos o recorde histórico de visitação no estande. Alguns dos livros mais vendidos chegaram a esgotar e, já no sábado à noite, tivemos que puxar uma nova remessa…” — Bruno Zolotar, diretor Comercial e de Marketing da Rocco

Direto das páginas para o Book Park

Ciente da grandiosidade do evento e da necessidade de garantir conforto na circulação, o espaço do Riocentro foi ampliado de 90 mil m² para 130 mil m². Isso possibilitou a criação de atrações interativas como labirintos, escape rooms temáticos, roda-gigante e experiências sensoriais que extrapolam os limites dos livros.

Representação Bienal -Foto: Portal Radar/Book Park
Representação Bienal -Foto: Portal Radar/Book Park

Como analiso na matéria do Hospício Nerd, esse parque literário não apenas atraiu famílias e jovens, como também consolidou um novo modelo de evento cultural, que une literatura, entretenimento e tecnologia.

Essa aposta de transformar o evento em uma experiência sensorial foi certeira — e a adesão massiva do público, especialmente nas redes sociais, é prova viva disso. Tanto que a GL Events, empresa francesa responsável pela organização, revelou que essa transformação do evento em um book park estava inicialmente prevista só para 2027, mas foi antecipada diante da demanda.

O que vivenciamos aqui foi um movimento coletivo, potente e emocionante! […] Esse foi o nosso maior sucesso: promover um festival que estimula o gosto pela leitura, a formação de novos leitores e autores, respeitando o interesse de cada um.” — Tatiana Zaccaro, diretora da GL Events Exhibitions

O Escape Room do Book Park, onde os visitantes precisam solucionar um mistério ‘proposto’ por autores consagrados — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo

Que o legado de 740 mil pessoas não acabe com o fim do Rio de Leitura

A Bienal do Livro Rio 2025 se encerra não como mais uma edição, mas como um manifesto cultural, que resiste às estatísticas baixas sobre o índice de leitura no Brasil. É uma prova — viva, pulsante e coletiva — de que os livros seguem transformando vidas e, consequentemente, o mundo.

Entre páginas e experiências sensoriais, o que se viveu no Riocentro ultrapassou qualquer definição de evento literário. Foi um reencontro coletivo — das pessoas com os livros que nos formam, nos emocionam e, acima de tudo, nos transformam.

O título de Capital Mundial do Livro reforça: a leitura, quando acessível, interativa e conectada às novas linguagens digitais, pulsa em perfeita sintonia com o nosso tempo. E o desejo de quem percorreu cada estande, viveu cada história e se perdeu entre páginas é unânime: que o fim deste evento não seja um ponto final — mas uma vírgula. Que ele siga reverberando, inspirando apaixonados por livros, criadores de conteúdo e uma geração inteira que, ao que tudo indica, não quer apenas virar páginas. Quer escrever sua própria história.

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