Você sabia que menos de 38% das empresas investem em inclusão? E quando falamos em inclusão, não se trata apenas das cotas que obrigam a contratação de pessoas com deficiência, o tema vai muito além e envolve aspectos que muitas vezes passam despercebidos no dia a dia.
É justamente aí que entra o Papo de Libras. O projeto, criado por Cindy Lima (23) e Glenda Heloísa Alves Ribeiro (25), nasceu como um trabalho de conclusão de curso e cresceu muito mais do que elas imaginavam. Hoje, o Papo de Libras se tornou uma iniciativa que busca ampliar a conscientização sobre acessibilidade e dar mais visibilidade à comunidade surda.
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Isso acontece por meio de palestras, oficinas, consultorias, capacitações, tradução e interpretação, além de atendimento bilíngue em Libras. O foco do projeto é olhar para a comunidade surda como um todo e desmistificar a ideia de que inclusão se resume à presença de intérpretes ou ao cumprimento de leis. Trata-se, na verdade, de construir espaços verdadeiramente acessíveis e acolhedores.
Um dos principais problemas apontados por Cindy e Glenda é que muitas empresas afirmam se preocupar com a inclusão em eventos, mas não estão dispostas a investir de fato nisso. É comum que a acessibilidade apareça apenas como uma formalidade, e não como um compromisso genuíno.
Em muitos casos, a presença de intérpretes de Libras é vista como um gasto extra, e não como uma necessidade essencial para garantir que pessoas surdas possam participar plenamente das atividades. Essa falta de valorização do trabalho e da importância da acessibilidade reforça o quanto ainda há um longo caminho a ser percorrido quando o assunto é inclusão de verdade.
Outro ponto levantado por elas é a falta de informação sobre os diferentes tipos de acessibilidade. Muitas pessoas ainda acreditam que a interpretação em Libras e a audiodescrição são a mesma coisa, quando, na verdade, cumprem papéis totalmente distintos. A interpretação em Libras é voltada para a comunicação com pessoas surdas, traduzindo o conteúdo oral para a Língua Brasileira de Sinais. Já a audiodescrição é um recurso direcionado a pessoas com deficiência visual, que transforma imagens, gestos e expressões em narração verbal.
Essa confusão reforça como o tema da inclusão ainda é tratado de maneira superficial. Falta informação, preparo e conscientização para que a acessibilidade seja pensada de forma ampla, considerando as diferentes realidades e necessidades de cada público.
Apesar dos desafios, algumas iniciativas vêm mostrando que a inclusão tem ganhado espaço em diferentes setores. Um exemplo é o Museu do Futebol, em São Paulo, que tem investido em acessibilidade por meio de visitas guiadas em Libras, audioguias e recursos táteis voltados a pessoas com deficiência visual. Essas ações demonstram que, com planejamento e comprometimento, é possível tornar os espaços culturais mais diversos e acolhedores, e que a inclusão deixa de ser apenas um discurso para se tornar parte da experiência de todos.
Outra questão abordada pelas idealizadoras do projeto foi a obrigatoriedade das cotas nas empresas. Essas políticas são fundamentais para garantir oportunidades a pessoas com deficiência, mas levantam um questionamento importante: será que elas, sozinhas, são suficientes para promover uma inclusão real?
Mais do que cumprir uma exigência legal, é preciso que as organizações repensem suas estruturas e criem espaços verdadeiramente acessíveis. A presença de um comitê especializado em inclusão, por exemplo, poderia contribuir para desenvolver ações contínuas, promover capacitação e garantir que a acessibilidade seja parte da cultura da empresa, e não apenas um número a ser alcançado.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) assegura o direito à acessibilidade, mas, na prática, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Projetos como o Papo de Libras mostram que a inclusão real acontece quando há empatia, informação e ação.
Para saber mais sobre o projeto: @papodelibras | @glendaheloisa | @cinnddylima










3 Comentários
Projeto e tema muito importantes e muito bem abordados na matéria! 👏🏾👏🏾
Inclusão é necessária e precisa ! 😍 Lindo trabalho !!!!
Sem inclusão na existe evolução. Matéria muito boa, parabéns