Neste 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, além das pautas atuais por emprego, direitos e valorização profissional, a memória de Santo Dias da Silva ganha força como símbolo da luta operária no Brasil. Operário metalúrgico e militante cristão, Santo Dias foi brutalmente assassinado pela Polícia Militar de São Paulo em 1979, durante uma greve pacífica por melhores condições de trabalho. Quarenta e cinco anos depois, sua história permanece viva como um alerta e uma inspiração.
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Santo era um homem comum, mas com um compromisso extraordinário com a justiça social. Ativo nas Comunidades Eclesiais de Base e integrante das pastorais operárias, atuava na organização de greves e assembleias de trabalhadores metalúrgicos no auge da repressão da ditadura militar. Sua luta era por salários dignos, jornadas humanas e dignidade no chão de fábrica causas que ainda hoje mobilizam milhões de trabalhadores no país.
No dia 30 de outubro de 1979, durante uma mobilização em frente à fábrica Sylvania, na zona sul de São Paulo, Santo foi atingido pelas costas por um disparo da polícia e morreu na calçada. Ele carregava uma bandeira branca. Sua morte chocou o país e serviu como combustível para a reorganização do movimento sindical no fim da ditadura cívico-militar. O velório e o sepultamento, acompanhados por milhares de pessoas, transformaram o luto em um ato político de resistência.

A trajetória de Santo Dias revela o entrelaçamento entre fé e política, solidariedade e coragem. Seu nome passou a ser lembrado não apenas em atos de 1º de Maio, mas também em centros de memória, instituições de direitos humanos, escolas e movimentos populares. É um nome que sobrevive à tentativa do esquecimento, tão comum nas histórias dos que tombaram lutando por um país mais justo.
Neste 1º de Maio, o Brasil segue enfrentando desafios profundos na vida dos trabalhadores. A informalidade atinge quase metade da população economicamente ativa, e a precarização se intensifica com novas formas de trabalho muitas vezes sem direitos básicos. Em um cenário de desigualdade crescente, lembrar de Santo Dias é um ato político, de denúncia, mas também de esperança.
“Enquanto houver um explorado, haverá resistência”, dizia Santo. Essa frase, ecoada por sindicalistas, movimentos sociais e pastorais, sintetiza o espírito do 1º de Maio. Resgatar a memória de Santo Dias é um convite à ação coletiva, à defesa da democracia e dos direitos trabalhistas duramente conquistados.
A luta de Santo Dias continua nos jovens que hoje reivindicam melhores condições de trabalho, nos entregadores que pedem dignidade, nos professores que resistem ao sucateamento da educação pública e nos movimentos que desafiam o silêncio diante da injustiça. Sua memória é combustível para que o Dia do Trabalhador não seja apenas uma data no calendário, mas um espaço permanente de resistência, reflexão e construção de futuro.
3 Comentários
Excelente reportagem!
Tema super pertinente não só pela chegada do feriado mas pela necessidade cada dia mais obvia de mudança no universo do trabalho visando saúde e bem estar !