A crise financeira dos Correios atingiu um novo patamar e colocou a estatal diante de um prazo dramático: levantar R$ 10 bilhões em apenas 15 dias para evitar um desequilíbrio ainda maior nas contas internas. A corrida por recursos ocorre enquanto a direção da empresa prepara um plano agressivo de reestruturação, que inclui a demissão de até 10 mil trabalhadores. A situação, que se arrasta há anos, explodiu agora com força.
A empresa enfrenta queda de receita, custos elevados e uma estrutura operacional que não acompanha mais a demanda do mercado muito menos a pressão por eficiência exigida por bancos e pelo governo.
Especialistas apontam que os Correios perderam espaço para concorrentes privados, ao mesmo tempo em que mantiveram uma rede pesada, cara e difícil de ajustar.Um dos pontos mais críticos é a folha de pagamento, que representa a maior parcela de gastos da estatal.
Confira “Filhos do Silêncio” de Andrea dos Santos
A ordem interna é enxugar. O governo aposta em um novo Programa de Demissão Voluntária, mirando pelo menos 10 mil adesões.
LEIA TAMBÉM: Justiça inglesa condena BHP por tragédia de Mariana (MG)
Se não houver número suficiente, a avaliação é de que cortes compulsórios podem entrar na mesa.Além dos desligamentos, o plano de sobrevivência inclui o fechamento de centenas de agências, revisão da logística, venda de imóveis e criação de um fundo para tentar gerar caixa constante.
A estatal também tenta negociar com bancos condições mais suaves para o empréstimo emergencial mas a conjuntura econômica e o risco elevado da operação pressionam os custos.
O cenário acende alerta não só entre funcionários, mas também entre municípios menores, que dependem exclusivamente dos Correios para ter acesso a serviços essenciais, como entregas de correspondências e documentos públicos.
Com o fechamento de agências e redução do quadro, há temor de que comunidades inteiras fiquem desassistidas. Internamente, o clima é de incerteza. Ainda que a direção tente transmitir confiança, o diagnóstico é praticamente unânime: sem o aporte imediato, a empresa não terá fôlego para atravessar 2026. Para os trabalhadores, resta aguardar um processo de reestruturação que pode mexer profundamente com o papel e o tamanho dos Correios no país.









