Perdão é muito mais difícil quando é para você mesmo

Esses dias tenho pensando muito em como é difícil perdoar. Mas antes mesmo de você levantar uma barreira de proteção e dizer que com você não é assim, me dê uma chance de apresentar os meus pontos e se você, mesmo depois de ler, não concordar, tudo bem. Somente respeite o seu tempo, você vai entender o porquê estou dizendo isso.

Vou iniciar te contando um causo. Em certo momento da minha vida adulta, me deparei com uma situação, que não vem ao caso nesse momento, mas eu disse que jamais iria perdoar. Jamais é muito tempo, né? Mas, seguindo, estávamos na cozinha da minha irmã e, mesmo ela sendo mais nova, naquele momento ela teve uma colocação perfeita, que me ensinou muito.

Ela me disse que eu deveria liberar o perdão, porque perdoar vem de Deus e faz bem para o coração. Eu, ainda relutante, coloquei que talvez um dia, mas que a pessoa em questão sequer havia pedido perdão para mim, como eu iria perdoar?, perguntei… E naquele momento ela me disse: perdão não vem do outro, vem de você.

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Aqui vale uma reflexão que pode virar um apêndice, mas é igualmente importante: idade não é sinônimo de maturidade, e minha irmã me mostrou isso naquele momento.

Voltando às vacas frias, eu segui pisando durinho, jurando que jamais perdoaria. Do acontecido já se passaram quase duas décadas e eu perdoei há muito tempo. Eu perdoei, voltei às relações com a pessoa, mas no coração sempre reverberando aquele dia, aquele impacto e a dor de ver alguém que você ama mostrando um lado sombrio para você.

E aqui é que começa o pepino, mas antes de seguirmos, vou te falar: É SOBRE VOCÊ, NÃO SOBRE O OUTRO.

Em certo momento desses quase 20 anos, eu me peguei várias vezes ressentindo aquela dor, sentindo de novo aquele momento, pensando em como as coisas podem acontecer e deixar marcas tão profundas. Uns dizem para você deixar para lá, outros dizem para você simplesmente esquecer, mas é igualmente difícil esquecer, deixar para lá e perdoar.

Mas, com esses anos todos correndo, eu sempre vasculhando o meu interior, na busca de encontrar um caminho mais doce e florido, e claro que o tempo amaina e ajuda nessa busca, mas o movimento do perdão tem que ser voluntário, consciente e trazer você como protagonista dessa evolução… e foi difícil, mas aconteceu. Eu perdoei o outro.

É fácil? Lógico que não, mas é possível… Sim, é possível.

Dentro dos espinhos que me circundavam durante esse processo, a fala da minha irmã sempre esteve reverberando dentro de mim e eu tentando não ouvir. Com as matizes e nuances aplacadas pelo tempo, aquelas cores vivas foram perdendo a força e a cor forte agora era somente tons pasteis. E um dia, olhando para uma cena em que a situação se realçou em uma conversa acalorada, EU DECIDI PERDOAR. Eu perdoei a pessoa, a situação toda e tentei seguir, mas aí me deparei com um perdão dos mais difíceis, PERDOAR A MIM MESMA.

Aí você vai me perguntar: Claudia, por que cargas você teria que se perdoar se não foi você a algoz que causou a dor?

Eu, de forma resiliente, te digo: EU CAUSEI DOR A MIM MESMA. Eu me feri, construí muros dentro de mim, me armei para uma guerra que não existia lá fora, eu machuquei o meu coração, pesei a minha alma e não descansei o meu espírito. E eu causei dor, muita dor.

Porém, no dia em que eu olhei aquilo tudo e percebi que o perdão começava dentro de mim, a coisa mudou. Demorou? Demorou sim, mas veio. Os envolvidos nunca me pediram perdão, eu nunca soube os porquês, só as minhas próprias deduções e pensamentos, mas foi lá também, dentre tantas barricadas nos pensamentos, que o perdão veio.

Eu me acolhi, permiti olhar para mim com afeto, resgatei os momentos em que a dor veio, a ressignifiquei e segui. Deixei a bagagem para traz, perdida no campo de batalha vazio, onde todos os escombros da guerra interna que eu travei foram se dissipando e aquele tom cinza e desolador, foi tomando outra forma, tudo, então, começou a voltar a ser colorido.

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Você vai me questionar se eu consegui de verdade e eu te direi que sim, mas, mesmos que imaginário, toda a reconstrução do pós-guerra é difícil, mas não dá para ter preguiça de limpar, de organizar, de fazer de novo. Dar novo significado, montar uma nova cena. Tudo isso é possível com A SUA DECISÃO, com muito trabalho e ajuda de profissionais que estão lá, reconstruindo junto com você a saúde mental, que se traduz em flores e muito doce colorido.

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Afinal, uma das minhas metas de vida é sempre escolher ter um BOMBOM DIA, para que mesmo dentro das dificuldades, meus dias sejam bons.

Sugiro que você tente, se hoje não der, tente amanhã de novo e assim você vai tentando até conseguir olhar para dentro e construir gentiliza para com a única pessoa que estará com você até o último suspiro: VOCÊ MESMO. Permita-se encontrar o seu caminho para o bem-estar, para o equilíbrio e para a felicidade. Permita-se se sentir abraçado pelo perdão.

Em tudo, lembre-se que FELICIDADE é uma construção e precisa de um tijolinho todos os dias.

Beijo da Linda para você, até a próxima.

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