O poder de voltar para casa

Essa semana estive no interior de São Paulo. Fui para Ribeirão Preto, que fica há umas 5 a 6 horas de distância da capital, onde moro, e foi uma viagem maravilhosa. Primeiro porque o motivo era muito justo e cheio de afeto e força…

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Uma aluna minha, que pela força da resiliência e da amizade estava concorrendo a uma prêmio de Jornalismo, ainda no final da faculdade, mas já brilhando como uma profissional, e eu fui com ela, porque fui a orientadora do texto que a levou para lá. Em segundo plano, eu mesma fui um motivo para a viagem, porque cada momento que tenho vivido, vivo com propósito, e esse era um momento para fazer um resgate da minha força, da minha coragem e de quem eu nunca deixei de ser.

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Explico…

Emilly, minha aluna, é uma jovem que tem em si uma força que ela talvez não conheça. Ao final do terceiro ano da faculdade, muito insatisfeita com o seu trabalho de então, e com outras coisinhas mais, resolveu mudar de vida, e começou pelo cabelo, o que me remete automaticamente ao escritor Julian Barnes, que fala em seu livro ‘Pulso do poder’ que a mulher tem em se reinventar, e muitas vezes começa com um GRANDE CORTE no cabelo, mas eu, modestamente, completo que a mulher quando quer mudar mexe em qualquer coisa no cabelo, e nunca é suave, é sempre impactante. A explicação é bem simples e clara, quando uma mulher muda por dentro, a mudança se reflete por fora, e começa com o cabelo, que é nosso cartão de visita e expressa nosso sentimento. Ah, quanto à minha aluna, ela entrou em uma transição capilar e não foi fácil.

Eu, também iniciei assim, estava com vinte anos, carregava uma cabeleira enorme, muitos cachos. Eu estava no primeiro ano da faculdade, preocupada com muitas coisas, entre elas um relacionamento conturbado, que afetou diretamente a minha carreira, e não de forma tão positiva assim, me sentia aprisionada, mas eu sempre voei, sonhei grande, quis ser livre. Adivinha? No final daquele ano, 1995, eu fiz o meu grande corte. Falei para a cabeleireira, dona do salão dentro do campus da faculdade: corte para cima do ombro e faça umas luzes para me iluminar… EU AMEI DEMAIS O MEU NOVO CABELO.

Nós, as jovens, e não importa a idade cronológica que você carregue, sentimos o peso das escolhas, como se fosse uma sentença, porque os outros julgam, se colocam contra nossas decisões, criticam, olham desconfiados a atitude que você toma, mas esquecem que quem tem coragem de mudar, já está um passo à frete na evolução. Talvez as críticas que recebemos na hora da mudança seja a frustração do outro sem coragem de mudar, mas isso não é um peso para carregarmos, seja forte e independente, VÁ LÁ E FAÇA.

Mudar é difícil, é doloroso, muitas vezes carregado de lágrimas, mas eu sempre acho que essas lágrimas que derramamos são como chuva forte lavando tudo de negativo que tem pela frente. Encare desse jeito: cada lágrima derramada é como um rio de liberdade. E assim, entre lágrimas e sorrisos, tenha e mantenha a coragem de mudar, de fazer de novo, de se reinventar em qualquer tempo da vida. O estopim para a mudança está aí dentro, mas a gente tenta calar a cada dia, e as lágrimas não derramadas viram represas, represando os seus sonhos. Um dia ela tem que romper, deixar fluir, mas não segure demais, porque ela pode romper com tanta força que destruir tudo que encontrar pela frente.

Mas voltando à minha viagem, minha aluna e eu aproveitamos muito. Não foi só uma premiação, aproveitamos o hotel, comemos bem, fizemos coisas que nunca tínhamos feito, como ficarmos entregues aos prazeres de estarmos lá, naqueles momentos, brindando a vida, com toda a sua beleza, em meio à natureza, vivendo uma vida plena. VIVEMOS DIAS FELIZES.

Eu venci um medo irracional que me apareceu com o climatério, medo de viajar, de pegar estrada, e fomos logo de ônibus, porque eu precisava confiar em alguém, e confiei nos dois motoristas, o da ida, que nos deixou em frente ao hotel, e o da volta, que me deixou pertinho de casa… Sic: ‘essa é uma longa e divertida história’, que eu conto para vocês em algum outro momento.

Minha pupila estava comigo e eu com ela. Com vidas diferentes, idades diferentes e motivos diferentes, estávamos juntas, no mesmo tempo e espaço, vivendo as mesmas emoções, silenciosas, mas sorridentes, cheias de esperanças. Ela faturou o terceiro lugar no prêmio que estava concorrendo, dentre 174 trabalhos apresentados; eu venci junto com ela, porque uma orientadora, uma professora, uma mãe, uma mulher mais velha, sempre vence quando a sua protegida vence. Essa é a dinâmica da vida, esse é o ensinamento que tiramos de ‘A Ciranda das Mulheres Sábias’, livro da mesma escritora de ‘Mulheres que Correm com Lobos’, Clarissa Pinkola Estés, e que sempre carrego comigo.

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Voltamos para São Paulo exaustas, o corpo cansado, mas com todos os propósitos que fomos buscar alcançados. FELIZES. Foi fácil? Óbvio que não… Foi quase um ano de investimentos para que pudéssemos estar lá, foi muita coragem de pegar a mochila, botar nas costas e encarar os quilômetros de estrada, mas vencer é bom demais.

Talvez a idade esteja me fortalecendo, eu que sempre fui um furacão, mas também um rio, uma brisa suave, mas também uma tempestade, HOJE ME SINTO MAIS PLENA. E tenho em mim poderes que jamais um homem entenderá, mas que toda mulher carrega em si mesma, basta parar, olhar para dentro da alma e enxergar lá no fundo o tamanho que de fato toda mulher tem. Isso assusta, OS OUTROS. Só vá e se apodere do seu poder! Depois volta para me contar o que achou de experimentar a plenitude do seu eu feminino.

Em tudo, lembre-se que FELICIDADE é uma construção e precisa de um tijolinho todos os dias.

Beijo da Linda para você, até a próxima.

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